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Candidato a presidir CPI apoia nome mais simpático ao governo como relator

Eduardo Girão (foto) defendeu hoje que o senador Marcos Rogério (DEM-RO) seja escolhido o relator do colegiado - Edilson Rodrigues/Agência Senado
Eduardo Girão (foto) defendeu hoje que o senador Marcos Rogério (DEM-RO) seja escolhido o relator do colegiado Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

27/04/2021 10h22Atualizada em 27/04/2021 11h51

Candidato a presidir a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) defendeu hoje que Marcos Rogério (DEM-RO) seja escolhido o relator do colegiado.

Vice-líder do governo no Congresso, Marcos Rogério é visto como um nome mais simpático à gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) do que o escolhido em acordo pela maioria dos titulares para a função: Renan Calheiros (MDB-AL). A definição do relator ainda será tomada pelo presidente da CPI a ser eleito.

O nome de Renan como relator desagrada ao Planalto. Renan tem atirado contra o governo nos últimos meses, é pai do governador de Alagoas e é visto pela base de Bolsonaro como alguém que buscará blindar os mandatários estaduais.

Apesar de a eventual posse de Renan na relatoria ter sido impedida por uma liminar concedida ontem pela Justiça, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que a escolha do relator da CPI é uma questão interna da Casa que não admite interferência de um juiz.

Senadores independentes e de oposição defendem que a decisão cabe somente ao presidente da CPI e pretendem ignorar a liminar.

O grupo que defende a nomeação do Renan como relator argumenta que a escolha partiu do MDB, que conta com a maior bancada no Senado, e o acordo respeita o critério de proporcionalidade interna.

Um desses senadores classificou a decisão judicial como "ridícula", "factoide jurídico", com o juiz de primeira instância determinando que o Renan seja "proibido de participar de uma eleição que não existe". Isso porque o relator não é votado, ele é indicado pelo presidente, este sim eleito.

Para Girão, a CPI "não pode ter conflitos de interesse" em seu comando, mas, sim, ter "isenção, independência". A seu ver, Marcos Rogério tem conhecimento técnico para ser relator e não tem "filho governador", por exemplo.

Girão é o autor principal de um dos requerimentos para a criação da CPI, assim como Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e quer ser eleito o presidente da comissão. No entanto, acordo da maioria dos 11 titulares é para que Omar Aziz (PSD-AM) seja eleito para comandá-la.

Para tentar ganhar espaço entre a maioria dos colegas, Girão disse que, se eleito, alternará a presidência da CPI com Randolfe. Atualmente, pelo acordo da maioria dos titulares, Randolfe deve ser escolhido vice.

Durante os trabalhos na CPI, o governo federal vai tentar apontar um mau uso de verbas da União por estados e municípios. E, para isso, até montou uma tropa de choque formada por senadores, ministros e auxiliares dentro do Palácio do Planalto.

Já a oposição vai se focar no negacionismo do Bolsonaro, no atraso na compra de vacinas, na falta de remédios e nos gastos da União com medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da covid-19, como a cloroquina.