'Não estamos preocupados com essa CPI', diz Bolsonaro, sobre CPI da Covid
Enquanto a CPI da Covid no Senado inicia os trabalhos, para investigar ações e eventuais omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, na noite de hoje, que não está preocupado com a investigação realizada pelos senadores.
Na quinta-feira última desembarcou no Brasil 14 carretas de transporte de oxigênio. A gente continua trabalhando a todo vapor. Não estamos preocupados com essa CPI. Nós não estamos preocupados."
Jair Bolsonaro em sua live semanal
Na sequência, o presidente criticou o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso, que determinou a aberta da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado. Depois, o STF confirmou a decisão individual de Barroso, por 10 votos a 1.
"Num primeiro momento é para investigar omissões e ações do governo, nem tinha fato definido. Acabou lá aquele ministro do Supremo determinando aí ao Senado que abrisse a CPI. Depois da CPI foi feito uma coleta de assinaturas pra uma nova CPI, tiveram até mais assinaturas que a primeira, para investigar também os recursos mandados pelo presidente, pelo governo federal, para estados e municípios", acrescentou.
Bolsonaro se referiu ao fato de que havia um requerimento do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que queria que a CPI focasse apenas nas ações do governo federal no enfrentamento da pandemia, e outro do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que defendeu uma CPI mais ampla, com a inclusão de estados e municípios.
No último dia 13, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, leu o requerimento que pediu a criação da CPI elaborado por Randolfe e afirmou que a este seria adicionado o pedido de CPI feito por Girão. Assim, a CPI da Covid terá com objetivo principal investigar ações e eventuais omissões do governo federal em meio à pandemia, além de fiscalizar recursos da União repassados a estados e municípios.
Adversários de Bolsonaro dominam CPI
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), integrante do partido com maior número de membros, foi eleito o relator, enquanto Omar Aziz (PSD-AM), da segunda maior bancada da Casa, o presidente. A vice-presidência ficou a cargo do líder da oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor do primeiro requerimento de criação da CPI.
O desenho se mostra pouco favorável ao governo, que ainda estuda estratégias para minimizar os danos inevitavelmente causados pela CPI.
Nesta quinta-feira, em mais uma derrota à ala governista, a comissão aprovou a convocação de ex-ministros da Saúde do governo Bolsonaro, entre eles o general Eduardo Pazuello, e do atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga, que devem ser ouvidos na semana que vem.
Os ex-ministros da pasta Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, além do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, também foram convocados. O plano apresentado por Calheiros prevê apurar, entre outras ações do governo, a compra de vacinas, o incentivo ao uso de medicamentos sem eficácia comprovada, o colapso da saúde no Amazonas e o envio de verbas.
Na semana passada, o Planalto agiu para que Renan Calheiros não fosse indicado relator da CPI. Além de ser crítico do governo de Bolsonaro, ele apoia o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Apesar do movimento de aliados (e do próprio Planalto) nos bastidores, o presidente Jair Bolsonaro segue dizendo que não se preocupa com a CPI da Covid.
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