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Girão diz que 'CPI começou equivocada' por ter Renan como relator

Do UOL, em São Paulo

03/05/2021 11h19Atualizada em 03/05/2021 14h23

O senador e membro da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid Eduardo Girão (Podemos-CE) afirmou hoje que a instalação "começou errada" com a participação de Renan Calheiros (MDB-AL) como relator. As declarações foram feitas durante o UOL Debate, conduzido pela apresentadora Fabíola Cidral e pelo colunista Josias de Souza.

CPI já começou equivocada com flagrante conflito de interesse entre relator que tem filho governador que é alvo do escopo de investigação Senador Eduardo Girão (Podemos-CE), membro da CPI da Covid

Ao mesmo tempo, o parlamentar alegou que, uma vez instaurada, que a CPI cumpra o dever de ser aliada da "verdade e não fake, técnica". Girão espera que a comissão não tenha "pirotecnia" e, caso rume por este caminho, será uma "desumanidade e covardia com povo brasileiro".

Também no debate, o senador e vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que entende a crítica sobre o relator, mas alegou que a CPI não pode se limitar à suspeição dos estados e municípios, mas também da gestão federal.

Entre colegas que acham que foco não deve ser Bolsonaro, lembremos que a nossa CPI começou coleta em 13 de janeiro, quando pessoas em Manaus morriam por falta de oxigênio Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid

Na sequência, o parlamentar afirmou:

CPI não tem que se limitar a fazer qualquer investigação. Qualquer suspeição, inclusive colegas senadores que subscreveram requerimentos do palácio. Se palacio quer indicar pessoas pra serem ouvidas, acho que devia ter apoio do Girão pra convocar Flávia pra ela propria dizer quem acha que pode estar presente na CPI pra argumento em prol dos interesses do que pensa o presidente Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid

Girão admite que usa remédio sem eficácia comprovada

Ao ser questionado sobre a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na gestão da pandemia, com o incentivo ao uso de medicamentos sem eficácia comprovada, Girão afirmou que a CPI se encarregará de investigar.

O parlamentar cita que é a favor da autonomia médica, mas que a "ciência está dividida". Na sequência, o senador afirma que fez uso dos medicamentos indicados pelo presidente Bolsonaro.

Tem tratamento profilático em outros países. Realizei debate aqui, com grupo pró e contra. Vou dar testemunho. Tem que respeitar os médicos. A ivermectina tem associações na Europa, associação médica no Japão, tem grupos privados no Brasil que apresentam resultados. Vamos chamar pra ouvir. Eu, com recomendação médica, estou tomando ivermectina Senador Eduardo Girão (Podemos-CE), membro da CPI da Covid

Randolfe informou que os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich devem apresentar esclarecimentos sobre as medidas sanitárias adotadas pelo Brasil para conter o vírus.

Não houve algum desleixo ou subestimação? Vinda do vírus talvez fosse inevitável. Mas Brasil, conhecendo o vírus desde janeiro, não poderia ter se antecipado? Em relação a Teich, igual sorte. É importante questionar o que levou à saída dele? Teve contradições graves entre ele e o comando do presidente? Tratamento precoce levou ao pedido de demissão? Para os dois eu não desprezaria importância de depoimento Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid

A farmacêutica que produz a ivermectina — mas não vende o produto no Brasil —, MSD (Merck, Sharp and Dohme), afirmou que ainda não há evidências de que o uso da medicação traga benefícios ou seja eficaz no tratamento e prevenção da covid-19.

O comunicado foi publicado em fevereiro deste ano, dizendo que não há base científica que indique efeitos terapêuticos contra o coronavírus em estudos pré-clínicos já publicados.

Ministros da Saúde de Bolsonaro serão convocados

Nesta semana a CPI da Covid no Senado vai contar com depoimentos de todos os ministros da Saúde que passaram pela gestão do presidente Jair Bolsonaro.

Estão previstos para depor Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello. O atual titular da pasta, Marcelo Queiroga, e o diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Atonio Barra Torres, também serão ouvidos pela CPI.

O principal alvo de críticos ao governo é o ex-ministro Eduardo Pazuello, embora senadores independentes considerem que cada gestão tenha erros e acertos.

Pazuello será questionado sobre o atraso na contratação de vacinas; o estímulo ao uso de medicamentos sem eficácia comprovada para tratar a covid-19; falta de insumos; ações de Bolsonaro contra o isolamento e uso de máscaras; conflito do governo federal e governadores.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.