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Bolsonaro chama CPI de 'vexame' e fará vídeo pró-cloroquina com ministros

08.mai.2021 - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recebe orações de apoiadores, em Brasília - Reprodução/Facebook
08.mai.2021 - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recebe orações de apoiadores, em Brasília Imagem: Reprodução/Facebook

Andréia Martins

Do UOL, em São Paulo

08/05/2021 09h52Atualizada em 10/05/2021 10h28

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje em conversa com um grupo de apoiadores que a CPI da Covid "é um vexame" e que "só se fala em cloroquina". Desde o início da pandemia, Bolsonaro defende o uso da cloroquina e da ivermectina no tratamento da covid-19, medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença.

"A CPI é um vexame, só se fala em cloroquina. Quem aqui tomou?", perguntou Bolsonaro aos apoiadores, em Brasília, ouvindo várias respostas positivas. "Essa semana vamos gravar um vídeo com os ministros falando quem tomou cloroquina, todos tomaram. Agora na CPI nós queremos apurar o caso de Manaus, onde muitos irmãos nossos foram a óbito", completou ele.

Na primeira semana de trabalho da CPI, o uso do medicamento no tratamento a pacientes com covid-19 foi um dos temas mais abordados durante os depoimentos dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e, do atual ministro da pasta, Marcelo Queiroga. Nenhum deles afirmou ter autorizado ou uso do medicamento contra covid-19.

Mandetta e Teich relataram a pressão do chefe do Executivo para que o Ministério da Saúde defendesse o tratamento. Teich declarou que a divergência com o presidente sobre o assunto o levou a pedir demissão do cargo, por perceber que não teria autonomia na pasta. Já Queiroga evitou se comprometer com a defesa pública que o presidente faz da cloroquina.

Ainda na conversa com os apoiadores, Bolsonaro voltou a criticar as medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos no enfrentamento da pandemia dizendo que "foram eles" que acabaram com o emprego no Brasil.

"Não vi um governador qualquer, dos 27, conversando com o povo. Fui aqui em Brasília em Itapuã, Chaparral, amanhã organizaram um passeio em homenagem pelo dia das mães. Isso é bom porque demonstra que a população está acreditando no governo. Tem gente melhor que eu? Tem. Mas Deus quis que fosse eu", afirmou.

Sobre as eleições de 2022, defendeu sua gestão afirmando que foram "dois anos de governos sem um caso de corrupção. Isso mata mais do que qualquer vírus. E continuo dizendo: só Deus me tira dessa cadeira". Ele pediu ainda que as pessoas votem com razão no próximo pleito.

"Tem eleições ano que vem, quem quis se preocupar com política não pode se preocupar com o coração. Votar no vizinho, no amigo... Todo mundo é bonzinho ano que vem. Vote com razão. Estamos lutando pelo voto impresso para não ter fraude, para melhorar o Legislativo, o Executivo e até o Judiciário", completou.

Ministro 'terrivelmente evangélico' no STF

Ao citar o judiciário, lembrou que em julho indicará um novo ministro para o STF (Supremo Tribunal Federal) e volto a citar a expressão "terrivelmente evangélico", para descrever seu indicado.

"Dia 4 de julho é o dia do terrivelmente evangélico. Tem um cotado aí, por enquanto é ele, mas não está batido o martelo. Uma vez eu disse, 'imagina uma sessão do STF começar com uma oração com esse ministro'", disse Bolsonaro.

Entre os cotados para ser nomeado por Bolsonaro a uma vaga na corte é o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, André Mendonça, que também é pastor da Igreja Presbiteriana Esperança em Brasília.

O indicado assumirá o lugar do ministro Marco Aurélio Mello, que completa 75 anos em julho. Em 2020, Bolsonaro indicou Kássio Nunes Marques para assumir uma cadeira no tribunal.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.