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Revista Veja divulga áudio de Fabio Wajngarten

Rayanne Albuquerque, Luciana Amaral e Ana Carla Bermúdez*

Do UOL, em São Paulo e Brasília, e colaboração para o UOL

12/05/2021 15h30Atualizada em 12/05/2021 22h17

A revista Veja divulgou hoje o áudio em que o ex-secretário de comunicação do governo Bolsonaro, Fabio Wajngarten, declara que houve "incompetência" na gestão da pandemia da covid-19 no Brasil.

A publicação foi feita após uma entrevista de Wajngarten à revista se tornar o principal ponto dos questionamentos realizados a ele na CPI da Covid. Em depoimento à comissão, Wajngarten negou ter chamado o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello de incompetente.

"Jamais adjetivei, rotulei, emiti opinião [sobre Pazuello], até porque o meu contato com o ex-ministro Pazuello, conforme dito, foi de bom dia, boa tarde, boa noite, nada além disso", disse ele em resposta a um questionamento da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA).

No trecho de áudio disponibilizado pela revista, é possível ouvir que um repórter pergunta ao ex-secretário se "foi negligência ou incompetência". Pelo trecho liberado, não é possível entender o contexto da pergunta —não se sabe, portanto, se a fala se refere ao Ministério da Saúde como um todo ou ao ex-ministro Pazuello, por exemplo.

Foi incompetência. Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando a negociação e tem do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é sete a um
Fabio Wajngarten

Em nota divulgada à imprensa após a audiência, a defesa de Wajngarten afirma que ele "jamais faltou com a verdade e nem teve a intenção de fazê-lo". A tal incompetência, citada por ele à Veja, diz a defesa, "se referia à morosidade da equipe do Ministério da Saúde, mas não ao ministro Eduardo Pazuello".

Ameaça de prisão

Mais cedo, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou que pediria a íntegra do áudio da entrevista de Wajngarten à revista Veja para verificar se ele mentiu à CPI, o que poderia levar à sua prisão.

De acordo com a Constituição, em oitivas realizadas por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), os intimados são obrigados a falar a verdade, sob risco de receberem voz de prisão caso seja confirmado, em flagrante, algo que não corresponda à realidade dos fatos.

Calheiros tem reclamado desde o início da audiência do comportamento de Wajngarten. Para o relator, o publicitário e ex-membro do governo tem dado respostas escorregadias ou em contradição ao teor da entrevista que ele havia dado à Veja.

Na entrevista à Veja, o ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social revelou ter participado de negociações para a compra de vacinas e chamou a equipe do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello de "incompetente" e "ineficiente".

Eu queria, presidente, sugerir a vossa excelência, requisitar o áudio da revista Veja para nós verificarmos se o secretário mentiu ou não mentiu. Se ele não mentiu, a revista veja vai ter que pedir desculpas a ele. Se ele mentir, ele terá desprestigiado e mentido ao Congresso Nacional, o que é um péssimo exemplo. Queria dizer que vou cobrar a revista Veja. Se ele mentiu a revista veja e a esta comissão eu vou requerer a vossa excelência na forma da legislação processual, a prisão do depoente
Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid

*Com colaboração de Douglas Porto, do UOL, em São Paulo

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.