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Ernesto defende Eduardo Bolsonaro e diz que erro foi do embaixador chinês

Rayanne Albuquerque e Hanrrikson de Andrade*

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

18/05/2021 12h42Atualizada em 18/05/2021 20h34

Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores, disse à CPI da Covid que o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, cometeu um erro ao criticar a família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O ex-chanceler fez referência à uma postagem compartilhada no Twitter de Wanming que afirmava ser a família Bolsonaro o "veneno do Brasil".

As críticas do embaixador da China foram rebatidas pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SJ). Ernesto disse que houve ofensa ao presidente da República e que o Itamaraty se posicionou sobre isso, sem concordar com as declarações do deputado, filho do presidente Bolsonaro.

Na nota que eu fiz e publiquei como chanceler eu disse que o governo brasileiro não endossava as declarações de Eduardo Bolsonaro. No entanto, o embaixador da China tinha se excedido ao republicar uma publicação do Twitter que dizia que a família Bolsonaro é o veneno do Brasil. Procurei chamar atenção para isso
Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores

Araújo rebateu os questionamentos senador Humberto Costa (PT-PE) ao afirmar que a questão grave não se tratava da ofensa diplomática do Brasil com a China, mas da postura do chanceler chinês que deveria estar "comprometido com os princípios da Convenção de Viena", prática diplomática de relações exteriores.

Críticas à China

Araújo fez críticas à China ao longo da pandemia, ainda que o Brasil dependesse de um bom relacionamento com o país para serem enviados os insumos para a produção de vacinas.

A oitiva do ex-ministro serve para esclarecer se o então chanceler acionou ou não o Itamaraty como deveria para pedir ajuda a outros países, no intuito de mitigar os efeitos da pandemia no Brasil.

Mesmo após alertas sobre o risco do uso indevido de cloroquina — medicamento sem eficácia comprovada — contra a covid-19, Araújo mobilizou o Itamaraty para garantir o fornecimento da medicação ao país, conforme mostra uma reportagem da Folha de São Paulo.

A viagem que Ernesto Araújo fez ao lado da comitiva presidencial para Israel com o intuito de adquirir um spray nasal contra a covid-19 e conhecer detalhes de uma vacina, também foi alvo de críticas por políticos. O UOL revelou que a visita teve custo estimado em R$ 400 mil e não resultou em acordos.

Os requerimentos de convocação para que o ex-ministro fosse ouvido na CPI foram apresentados pelos senadores Marcos do Val (Podemos-ES) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Ambos desejam que a conduta da diplomacia brasileira durante a crise sanitária pela covid-19 seja esclarecida por Araújo.

* Com a colaboração de Ana Carla Bermúdez

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.