Topo

Esse conteúdo é antigo

Ernesto diz à CPI da Covid que nunca foi contra iniciativa Covax

Rayanne Albuquerque e Hanrrikson de Andrade*

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

18/05/2021 11h29Atualizada em 18/05/2021 15h02

Questionado enquanto testemunha da CPI da Covid, o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que nunca foi contra a iniciativa Covax Facility, iniciativa da OMS (Organização Mundial da Saúde), da Aliança Gavi e da CEPI, que trabalha para a aquisição e posterior distribuição de vacinas contra covid-19 para os países mais pobres.

Jamais fui contra a iniciativa Covax. Em Genebra, o Itamaraty esteve atento ao ACT para acelerar vacinas e diagnósticos da covid. Assim que Covax tomou forma, em 2 de julho de 2020, eu mesmo assinei carta para o gestor do Covax dizendo que o Brasil tinha interesse em entrar. Ainda não havia modelo de contrato estabelecido
Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores

O ex-chanceler afirmou que foi o Ministério da Saúde quem definiu que o país teria participação mínima, de 10%, dentro do consórcio internacional de vacinas e que a formalização do pedido foi encaminhada ao Itamaraty. Araújo, no entanto, disse não lembrar o formato em que as recomendações foram enviadas — se por carta, faz, e-mail ou telefonema, conforme questionou Renan Calheiros (MDB-AL), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito.

Calheiros questionou se Ernesto Araújo confirmava ter escrito em um blogue que a OMS fazia parte de um plano "para instaurar o comunismo no mundo". Araújo negou o caso, a princípio, dizendo que não havia escrito o texto.

Momentos depois, ele disse que, na realidade, havia feito uma interpretação de um texto, e colocou a visão do autor — que ele não chegou a citar — e não a dele mesmo. O relator da CPI da Covid questionou se essa postura seria a responsável pela não adesão à Covax, mas o ex-ministro disse que o Brasil não se recusou a aderir e seguiu a tendência da América Latina para pedir ajuda internacional.

* Colaborou Ana Carla Bermúdez

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.