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Sakamoto: Flávio Bolsonaro atua como 'efeito desestabilizador' na CPI

Do UOL, em São Paulo

19/05/2021 11h19Atualizada em 19/05/2021 12h17

O colunista do UOL Leonardo Sakamoto analisou hoje, durante o UOL News, que o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), atua na CPI da Covid, no Senado Federal, como uma "espécie de efeito desestabilizador". A CPI investiga a atuação do Governo Federal no enfrentamento da pandemia e o repasse de recursos aos estados.

Há um modus operandi interessante. O Flávio tende a aparecer no final ou no meio de algumas exposições para atuar como uma espécie de efeito desestabilizador. Teve um dia que ele chamou o relator Renan Calheiros [MDB-AL] de vagabundo e aí o Renan falou que ele não roubava dinheiro do gabinete, insinuando as rachadinhas do Flávio.
Leonardo Sakamoto no UOL News

O episódio citado pelo colunista aconteceu no dia 12 de maio, enquanto o ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações Fabio Wajngarten prestava depoimento à CPI da Covid. Na ocasião, Flávio defendia o ex-secretário-executivo e, em razão da troca de ofensas entre Flávio e o relator, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), suspendeu a sessão.

Hoje, Flávio Bolsonaro continua acompanhando presencialmente o depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello à CPI da Covid. Para Sakamoto, Flávio aparece nos depoimentos quando estes podem ser um risco para a visão positiva do governo.

"Quando os depoimentos são negativos para o governo, ou quando tem esse risco, o Flávio aparece com essa função [de desestabilizar], até porque ele é um senador de peso, exatamente por ser filho do presidente. Aí ele aparece nesse sentido para servir como efeito desestabilizador."

Ontem, o presidente da CPI disse que "não vê razão" para convocar o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) para depor na comissão. Segundo ele, não há indícios de que o filho do presidente Jair Bolsonaro tenha interferido nas negociações com a Pfizer por vacinas contra covid-19.

Eleição dos filhos

Segundo o colunista do UOL Josias de Souza, os eleitores não sabiam que ao elegerem o presidente, em 2018, os filhos dele também fariam parte da administração do governo.

"As pessoas não sabiam, mas quando elegeram Bolsonaro elegeram junto os zeros à esquerda, o 01, o 02, o 03; e agora tem o 04, se insinuando também, fazendo negócios do governo, se reunindo com ministros, promovendo encontro entre ministros e empresários", afirmou o colunista, se referindo ao número de filhos do atual mandatário.

Souza declarou que a atuação dos filhos do presidente no governo "está cada vez mais presente" e que a presença de Flávio na CPI ocorre pois ele "sentiu a necessidade de reforçar esse pelotão do governo, que já é escasso na CPI".

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.