Aziz não quer levar Carlos Bolsonaro à CPI: 'Também ajudaria meu pai'
O senador Omar Aziz (PSD), presidente da CPI da Covid, disse hoje que "não vê razão" para convocar o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) para depor na comissão. Segundo ele, não há indícios de que o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenha interferido nas negociações com a Pfizer por vacinas contra covid-19.
"Foi perguntado para o Fábio (Wajngarten) e o Fabio omitiu a presença do Carlos (na reunião). Mas o depoimento do Carlos Murilo não compromete o Carlos Bolsonaro. Temos que ter muito cuidado para não politizar. Eu até agora não vi razão para que o vereador Carlos Bolsonaro fosse convocado. Se eu fosse filho, também tentaria ajudar meu pai, mas sem dar ordem para ministro", afirmou Aziz em entrevista à CNN Brasil.
Na quinta-feira da semana passada o senador Alessandro Vieira (Cidadania) apresentou um requerimento pedindo a convocação do filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do assessor especial da Presidência Filipe Martins.
O pedido foi motivado pelo depoimento do gerente-geral da farmacêutica Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, na CPI. Até fevereiro deste ano ele comandava a companhia no Brasil. Ao falar na comissão, ele disse que Carlos Bolsonaro e Filipe participaram de reuniões em que a farmacêutica discutiu a venda de vacinas contra Covid-19 com o governo federal.
"Após aproximadamente uma hora de reunião, Fabio Wajngarten recebe uma ligação, sai da sala e retorna para a reunião. Minutos depois, entra na sala de reunião Filipe Garcia Martins, assessor internacional da Presidência da República, e Carlos Bolsonaro. Fabio explicou a Filipe Garcia Martins e a Carlos Bolsonaro os esclarecimentos prestados pela Pfizer até então na reunião", declarou Carlos Murillo à CPI.
Murillo disse que Carlos Bolsonaro ficou "brevemente" na reunião e saiu da sala, enquanto Filipe Martins permaneceu até o final. O encontro, segundo o CEO da Pfizer, foi encerrado logo depois. Na sequência, os representantes da farmacêutica teriam ido embora do Palácio do Planalto. A reunião citada durante a oitiva no Senado é a mesma citada durante o depoimento de Wajngarten, que ocorreu em novembro do ano passado. Na CPI, Wajngarten relatou contar nos dedos as conversas mantidas com Carlos Bolsonaro.
Omissão de ex-ministros
Aziz comentou ainda que, pelos depoimentos ouvidos até agora, os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, "se omitiram em muitas coisas, principalmente em nomes" sobre quem teria recomendado alterar a bula da cloroquina para que ela fosse recomendada no tratamento contra covid-19.
Aziz declarou ainda que, para ele, "o presidente não acordou um belo dia na pandemia no Brasil e disse 'eu sonhei que a cloroquina e ivermectina salvam'. Alguém o induziu a isso. Nós perguntamos aos ministros Mandetta e Teich quem é esse grupo, eles sabiam, mas não falaram. O Queiroga a gente perguntava alguma coisa e ele dizia que não tinha conhecimento, que tinha chegado agora", disse.
"Tanto é que o presidente da Anvisa, que não estava ali no dia a dia, não tinha relações com os ministros, citou nomes que o Mandetta não citou. Ele só se lembrava de um tal de Jorge Ramos, que não existe, agora sabemos que era o ministro Jorge [Oliveira], do TCU (Tribunal de Contas da União), o ministro Braga Netto, o cardiologista que estava lá, a doutora Nise Yamagushi. Mandetta não falou esses nomes na CPI. Aí tirem suas conclusões se ele mentiu ou omitiu. Mas ele sabia os nomes", completou.
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