Topo

Esse conteúdo é antigo

Kennedy: Mayra Pinheiro deu depoimento para manter emprego e poupar o chefe

"Mayra Pinheiro é negacionista que invoca a condição de técnica", avalia Kennedy Alencar

Do UOL, em São Paulo

25/05/2021 18h42Atualizada em 25/05/2021 20h06

O colunista do UOL Kennedy Alencar acredita que a servidora do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro deu um depoimento hoje na CPI da Covid que teve a intenção de "manter o emprego e poupar o chefe", numa alusão à proteção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de eventual responsabilidade por possíveis omissões e erros no combate à pandemia.

Em participação no UOL News, Kennedy afirmou que Mayra mentiu no depoimento dado no Senado.

Você pode assistir a toda a programação do Canal UOL aqui.

Foi uma séria de mentiras que estão em sintonia com o que pensa o presidente Jair Bolsonaro e [o ministro da Saúde] Marcelo Queiroga. Ela foi numa linha para manter o emprego e poupar o chefe.
Kennedy Alencar, colunista do UOL

Conhecida como "Capitã Cloroquina" por defender incondicionalmente o uso do medicamento sem eficácia comprovada no tratamento da covid-19, Mayra Pinheiro se contradisse durante o depoimento sobre o aplicativo TrateCov e também entrou em contradição com o depoimento dado pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello sobre a crise de desabastecimento de oxigênio em Manaus.

Para Kennedy Alencar, Mayra fez com que a CPI fosse "palco de desinformação e pseudociência" hoje.

"Mayra se colocou na condição de técnica, de médica, e fez uma defesa da cloroquina, que é um medicamento que não funciona contra a covid, funciona contra a malária, e contra a covid pode resultar na morte", disse o colunista.

Ela mentiu claramente quando faz a defesa da cloroquina, quando ela fala que tem estudos, evidências médicas, e ela desconsidera 14 estudos feitos em 2020, com maior rigor técnico, detalhamento, que todos dizem que não funciona contra a covid e pode ser arriscado.
Kennedy Alencar, colunista do UOL

Apesar de criticar as falas de Mayra, Kennedy reconhece que o depoimento da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde estava bem alinhado com o de Pazuello na questão jurídica, com a orientação de nunca responsabilizar diretamente Bolsonaro.

"Ela estava bem municiada na questão jurídica porque ela tenta proteger o Pazuello e o próprio presidente Jair Bolsonaro. Ela repete aquele bordão que os governistas falam na CPI: 'não recebi ordem direta do presidente para receitar nada, para receitar cloroquina'", disse o colunista do UOL.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.