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Mayra diz que Pazuello recebia informações diárias sobre o caos em Manaus

Rayanne Albuquerque, Luciana Amaral e Hanrrikson de Andrade*

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

25/05/2021 16h13Atualizada em 25/05/2021 16h35

A servidora do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro declarou hoje em depoimento à CPI da Covid que relatava diariamente ao então ministro da pasta Eduardo Pazuello sobre o colapso do sistema de saúde que ocorreu em Manaus, no Amazonas.

A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde havia sido questionada pelo senador membro da Comissão Parlamentar de Inquérito Alessandro Vieira (Cidadania-SE) sobre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ter se negado a intervir em Manaus.

Na altura, de acordo com Pinheiro, o chefe do Executivo nacional tinha conhecimento que a região de Manaus atravessava o pior momento da pandemia, assim como o ex-ministro da Saúde.

O relatório era diário, nos dias em que eu estive em Manaus. Diariamente a gente passava um relatório. O ministro ligava a todo tempo pedindo para gente passar as informações, os secretários recebiam ofícios sobre o que era considerado urgência e nós enviávamos para o ministério da Saúde
Mayra Pinheiro

"Capitã cloroquina" tem o direito de ficar calada

Mayra Pinheiro obteve um habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) que dá direito de se calar ao ser questionada sobre o colapso da rede de saúde do Amazonas que possam formar provas contra si. A situação na capital amazonense foi agravada entre o fim de dezembro de 2020 e janeiro deste ano.

Ela terá esse direito porque o assunto é foco de investigações do MPF (Ministério Público Federal). A Procuradoria apura se Mayra e seu ex-chefe, o general do Exército Eduardo Pazuello — que atuou como Ministro da Saúde — e outras cinco pessoas são os responsáveis pelo agravamento da crise sanitária em Manaus.

O gabinete temporário na capital amazonense foi montado por Mayra Pinheiro durante a crise sanitária na região.

Depoimento ao MPF

A médica cearense Mayra Pinheiro já foi ouvida pelo Ministério Público Federal na investigação que apura se houve omissão do govenro federal diante do avanço da pandemia, da falta de oxigênio e insumos em Manaus, no Amazonas,

Durante os depoimentos, Mayra confirmou ter conversado com médicos e estimulado a prescrição da cloroquina e da hidroxicloroquia em "doses seguras", ainda que as medicações não tenham eficácia comprovada contra a covid-19. A informação foi revelada à época pelo jornal O Globo.

* Com Ana Carla Bermúdez, colabração para o UOL.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.