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Confrontada na CPI, Mayra confirma ter criticado Fiocruz: 'Pênis na porta'

Anaís Motta

Do UOL, em São Paulo

25/05/2021 15h43Atualizada em 25/05/2021 19h02

Questionada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) na CPI da Covid, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, Mayra Pinheiro, confirmou ter gravado um áudio com críticas à Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), em que questiona uma suposta atuação enviesada da entidade e a acusa de ser contra todo mundo que "não é de esquerda".

A declaração em questão foi reproduzida por Randolfe, vice-presidente da comissão, durante depoimento de Mayra aos senadores. Antes, o parlamentar pediu a opinião da secretária sobre a Fiocruz, e Mayra definiu a fundação como uma "instituição de excelência" que tem contribuído muito para a vacinação contra a covid-19 no Brasil. A Fiocruz é responsável pela produção da vacina AstraZeneca/Oxford.

"A Fiocruz é um órgão ligado ao Ministério da Saúde, que é mantida com recursos do Ministério da Saúde, e trabalha contra todas as políticas que são contrárias à pauta deles de minorias. Tudo deles envolve LGBTI, eles têm um pênis na porta da Fiocruz, todos os tapetes das portas são a figura do Che Guevara, as salas são figurinhas do 'Lula livre', 'Marielle vive'", dizia a secretária no áudio.

Confrontada sobre a fala, Mayra explicou que o áudio foi enviado a um "colega" antes de sua nomeação como secretária e "houve um vazamento". Mas ela não voltou atrás nas críticas, e reafirmou que "nessa época [da gravação], isso era uma constatação de fatos".

"Existia um objeto inflável em comemoração a uma campanha na porta da entidade", reiterou, em referência ao suposto pênis.

Procurada, a Fiocruz afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto.

As declarações até confundiram o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), que pensou ter ouvido "tênis", não "pênis". Pouco depois, em resposta ao jornalista Octavio Guedes no Twitter, ele reforçou: "Jurava que era tênis".

Leia a transcrição do trecho do áudio de Mayra reproduzido na CPI da Covid:

"(...) [A Fiocruz] Elege os seus próprios candidatos à presidência. Eles fazem uma lista tríplice, e [a lista] é apresentada para a Presidência da República. Da última vez, ainda foi no governo do PT, e o senador Tarso [Genro] foi uma das pessoas que endossou o nome dessa mulher aí. Foi uma guerra que a gente moveu para convencê-lo, e a gente não conseguiu.

Ano que vem a Fiocruz vai ter eleição. O que a gente tem que começar a fazer é acabar com essa influência do Conselho Nacional de Saúde, que vai o presidente, vai o deputado, vai todo mundo que é contra as medidas de esquerda, e tirar da Fiocruz esse poderio de direcionar a saúde no Brasil.

A Fiocruz é um órgão ligado ao Ministério da Saúde, que é mantida com recursos do Ministério da Saúde, e trabalha contra todas as políticas que são contrárias à pauta deles de minorias. Tudo deles envolve LGBTI, eles têm um pênis na porta da Fiocruz, todos os tapetes das portas são a figura do Che Guevara, as salas são figurinhas do 'Lula livre', 'Marielle vive'. (...)"

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.