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Mourão diz que CPI da Covid está desorganizada

Hamilton Mourão opinou que CPI da Covid-19 deveria também avaliar ações econômicas e sociais do governo na pandemia - Isac Nóbrega/PR
Hamilton Mourão opinou que CPI da Covid-19 deveria também avaliar ações econômicas e sociais do governo na pandemia Imagem: Isac Nóbrega/PR

Do UOL, em São Paulo

28/05/2021 14h39Atualizada em 28/05/2021 14h44

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), disse hoje que considera a CPI da Covid-19 desorganizada. Em declaração na chegada ao Palácio do Planalto, Mourão opinou sobre a divisão que considera adequada para o prosseguimento das investigações.

A CPI da Covid-19 foi instalada no Senado para apurar a conduta do governo federal ao longo da pandemia do novo coronavírus. Mourão, porém, disse que a comissão também deveria dar foco a questões econômicas e sociais.

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"Objetivo da CPI qual é? Avaliar as ações do governo no combate à pandemia, e não a ação do presidente. A ação do governo tem 3 setores: o da saúde, para ver que foi feito para minorar os efeitos da doença; o da economia, para ver o que foi feito para mitigar os efeitos na economia; e o social, o que foi feito para auxiliar as pessoas que estavam em situação de dificuldades", disse.

Para Mourão, com essa divisão, a comissão chegaria a um relatório "decente e honesto". A frase vai ao encontro de reclamações de outros membros do governo sobre uma suposta pré-disposição do relator Renan Calheiros em fazer um documento crítico ao governo e a Jair Bolsonaro.

"Acho que está desorganizado, deveria se organizar dentro destas áreas que falei", disse Mourão.

A crítica de Mourão se soma a de outros governistas, que desde o início tentam ampliar o escopo da CPI com a investigação de governos estaduais e prefeituras.

Por outro lado, oposicionistas enxergam nas críticas à comissão um temor pelo avanço das investigações em temas sensíveis ao governo, como a crise do oxigênio no Amazonas, o incentivo ao uso de cloroquina e a demora para a compra de vacinas.

CPI já ouviu 10 pessoas

A CPI da Covid foi instalada há um mês e busca apurar ações e eventuais omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus no Brasil, assim como apurar o uso de verbas da União repassadas a estados e municípios. O prazo da CPI é de 90 dias, que pode ser prorrogado.

Até o momento, a comissão ouviu dez pessoas: Antonio Barra Torrres, os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello, o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o ex-secretário de Comunicação do governo Fabio Wajngarten, o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.

Último a depor, Dimas contradisse Pazuello ontem e culpou o presidente Jair Bolsonaro pelo atraso nas negociações da compra da vacina CoronaVac pelo governo federal.

Na quarta-feira, a CPI aprovou a reconvocação de Queiroga e de seu antecessor, o general Eduardo Pazuello, durante reunião marcada por brigas entre senadores e tentativa de acordo frustrada. A comissão também deliberou a convocação de nove governadores em exercício do mandato e do ex-governador do Rio Wilson Witzel.

Apesar da convocação, os governadores estudam se unir e entrar com uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para evitar os depoimentos. Eles argumentam que a Constituição e o regimento interno do Senado impedem a convocação de governadores e prefeitos.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.