CPI: Debate sobre cloroquina rende analogia com Viagra e 'chá de chocalho'
Em mais um dia de depoimentos na CPI da Covid, um debate entre os senadores Marcos Rogério (DEM-RO) e Omar Aziz (PSD-AM) sobre a prescrição da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19 rendeu comparações ao Viagra, medicamento usado para disfunção erétil masculina, e ao "chá de chocalho" — bom para o "juízo", segundo Aziz.
Aliado ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido), Rogério diz ser defensor da "autonomia" dos médicos para prescreverem cloroquina a seus pacientes de covid-19, ainda que o medicamento seja comprovadamente ineficaz contra a doença. Como argumento, ele citou o fato de que outros remédios, como anticoncepcionais e o Viagra, não deixam de ser usados mesmo podendo causar efeitos colaterais.
Aziz, que é presidente da CPI, discordou da comparação do colega de Senado, dizendo que as pessoas não são "obrigadas" a tomar nenhum desses medicamentos.
Ele também lembrou de uma declaração feita recentemente por Bolsonaro, que, em tom de ironia, sugeriu a Aziz que convocasse indígenas para depor à comissão, já que eles costumam tratar doenças com "chás" também "sem comprovação científica".
"Respeito muito os povos tradicionais, coisa que infelizmente o líder maior da nossa nação [Bolsonaro] não respeita. Ele vai lá e faz uma brincadeira comigo pedindo: 'Olha, por que não convoca os índios aqui, que me deram chá disso, chá disso?'. Tem um chá bom lá que é chá de chocalho, que o cara pode tomar e talvez fique bom. Mas não bom da covid, bom do juízo", disse o presidente da CPI.
A CPI da Covid recebe hoje a médica oncologista Nise Yamaguchi, que, assim como Bolsonaro, defende o uso da cloroquina do tratamento da covid-19. Durante seu depoimento, ela negou ter sugerido ao governo, no ano passado, mudar a bula do medicamento para incluir a covid-19 na lista de doenças contra as quais ele pode servir.
A versão contraria a do presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres, e a do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Questionada se eles haviam mentido, porém, Nise disse que houve uma "interpretação equivocada" dos fatos.
Não fiz nenhuma minuta [para mudar a bula], inclusive não conhecia esse papel. Essa é a reunião a que ele se refere, no dia 6 de abril de 2020, que ocorreu no Planalto com a presença do almirante Barra [Torres], do ex-ministro [Luiz Henrique] Mandetta."
Nise Yamaguchi, médica onocologista
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.