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CPI ouvirá amanhã ex-secretária que deixou governo pouco depois de assumir

Luana Araújo ao lado do ministro da Saúde Marcelo Queiroga; depoimento amanhã na CPI da Covid - Tony Winston/MS
Luana Araújo ao lado do ministro da Saúde Marcelo Queiroga; depoimento amanhã na CPI da Covid Imagem: Tony Winston/MS

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

01/06/2021 09h49

A CPI da Covid, no Senado Federal, ouvirá amanhã a médica infectologista Luana Araújo, ex-secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19, subpasta do Ministério da Saúde.

A oitiva foi antecipada pelo presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), em razão da expectativa gerada pelo depoimento. Originalmente, o dia havia sido reservado para um painel com especialistas favoráveis e contrários ao uso da cloroquina no tratamento da doença.

Luana ficou pouco mais de uma semana à frente da secretaria extraordinária. O desligamento foi confirmado em 22 de maio. Na ocasião, reportagem da revista Veja indicou que a médica não teria aceitado condições estabelecidas pelo Palácio do Planalto em relação ao combate à pandemia.

Senadores da oposição e da ala independente que é crítica ao governo Jair Bolsonaro (sem partido) pretendem ouvir de Luana esclarecimentos sobre os fatos ocorridos no curto período entre a nomeação (12 de maio) para o cargo e o anúncio da retirada (22 de maio). O ministério não informou se a ex-secretária pediu para sair ou foi demitida.

Perfil técnico

O perfil de Luana é considerado "técnico" e "pautado na ciência", de acordo com observações feitas por integrantes do Ministério da Saúde antes de sua nomeação. Ao confirmar a saída dela do cargo, a pasta informou que buscaria a reposição com as mesmas características.

"O Ministério da Saúde informa que a médica infectologista Luana Araújo, anunciada para o cargo de secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, não exercerá a função. A pasta busca por outro nome com perfil profissional semelhante: técnico e baseado em evidências científicas."

Luana já se declarou publicamente defensora da vacinação em massa, favorável a medidas restritivas e contra o "kit covid", mesmo para pacientes com sintomas leves.

A infectologista afirmou também que "todos os estudos sérios" demonstram a ineficácia da cloroquina e da hidroxicloroquina —medicamentos dos quais o presidente da República é entusiasta— e que a ivermectina é "fruto da arrogância brasileira" e "mal funciona para piolho".

Divergências entre o Palácio do Planalto e o comando técnico do Ministério da Saúde são recorrentes desde que o coronavírus começou a se espalhar pelo país, entre fevereiro e março do ano passado. O impasse já levou, inclusive, a queda de ministros, como os ex-titulares do cargo Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.