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Nise diz desconhecer gabinete paralelo: 'Sou colaboradora eventual'

Nise Yamaguchi negou a existência de aconselhamentos paralelos ao governo federal sobre o combate da pandemia - Fernando Moraes/UOL
Nise Yamaguchi negou a existência de aconselhamentos paralelos ao governo federal sobre o combate da pandemia Imagem: Fernando Moraes/UOL

Rayanne Albuquerque e Hanrrikson de Andrade*

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

01/06/2021 11h14Atualizada em 01/06/2021 14h59

Em depoimento à CPI da Covid, a médica imunologista Nise Yamaguchi negou hoje, em depoimento à CPI da Covid, ter feito parte de um "gabinete paralelo" de assessoramento ao governo durante a pandemia. Ela disse desconhecer a existência dessa estrutura.

"Eu desconheço um gabinete paralelo e muito menos que eu o integre", declarou ela. A afirmação foi contestada por parlamentares da oposição e críticos ao governo Bolsonaro.

A versão da médica imunologista contrasta com a do presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres. Em depoimento à CPI, ele atribuiu a Nise o aconselhamento para que houvesse uma mudança na bula da cloroquina —medicamento sem eficácia comprovada no tratamento da covid-19.

Sou colaboradora eventual e participo com os ministros de saúde como médica, cientista, chamada para opinar em reuniões técnicas, governamentais, específicas com o ministério da saúde. Faço questão de trabalhar com questões regulamentares da Anvisa e com todos
Nise Yamaguchi

O depoimento da especialista, que comparece à CPI na condição de testemunha convidada, provocou bate-boca entre os membros da comissão.

Nise é defensora do chamado "tratamento precoce" para a covid-19, por meio do uso da cloroquina e também da imunidade de rebanho, que preconiza a contaminação em massa com o vírus.

Sem "encontros particulares" com Bolsonaro

Indagada sobre a atuação junto ao governo, a imunologista declarou que "nunca teve encontros privados" com Bolsonaro. A declaração foi contestada pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), e por outros parlamentares.

Posteriormente, ela disse que esteve com o chefe do Executivo federal em algumas oportunidades durante a pandemia, desde março do ano passado. Porém, isso teria ocorrido sempre na companhia de terceiros, de acordo com a depoente.

Eu já tinha a informação que era importante tratar os pacientes precocemente, como finalmente, agora, houve a admissão de que é melhor que não se trate os pacientes com doenças moderadas e graves. Nesse mesmo dia que eu tive um almoço na Presidência da República, com outras pessoas, nunca tive encontros privados com o presidente Bolsonaro, conversei sobre a importância desse tratamento precoce inicial
Nise Yamaguchi

* Colaborou Ana Carla Bermúdez

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.