'Nunca tive encontro privado com Bolsonaro', afirma Nise Yamaguchi na CPI
A oncologista e imunologista Nise Yamaguchi declarou hoje, em depoimento à CPI da Covid, nunca ter tido "encontros privados" com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Contudo, conforme o UOL Confere mostrou, há registro de uma reunião entre ambos no ano passado.
Nise vinha atuando como uma colaboradora eventual do governo federal durante a pandemia, desde o ano passado. Ela chegou a ser cotada para assumir o Ministério da Saúde e se tornou figura pública em virtude de sua defesa do uso da cloroquina e hidroxicloroquina —medicamentos sem eficácia no tratamento da covid-19.
A médica comparece à CPI da Covid na condição de testemunha convidada. De acordo com os senadores da oposição e os independentes críticos ao governo Bolsonaro, ela fez parte de um gabinete de "assessoramento paralelo" do presidente. Já os aliados defendem que havia apenas um aconselhamento e que tal fato não comprova qualquer irregularidade.
Eu já tinha a informação de que era importante tratar os pacientes precocemente, como finalmente, agora, houve a admissão de que é melhor que não se trate os pacientes com doenças moderadas e graves. Nesse mesmo dia que eu tive um almoço na Presidência da República, com outras pessoas, nunca tive encontros privados com o presidente Bolsonaro, conversei sobre a importância desse tratamento precoce inicial
Nise Yamaguchi, médica imunologista
Anteriormente, Nise havia afirmado, em entrevista à revista Veja, que conversava "direto" com Bolsonaro. O presidente se se mostrou durante a pandemia um entusiasta da prescrição de medicamentos à base de cloroquina e outros sem eficácia científica comprovada.
Além disso, as agendas públicas do chefe do Executivo federal indicam que ele esteve com Nise no Planalto em ao menos duas oportunidades, em 6 e 7 de abril de 2020. Nas ocasiões, a médica encontrou Bolsonaro na companhia de ministros de estado, do deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) e de médicos igualmente favoráveis ao uso da cloroquina.
Entre as medicações que compõem o chamado "kit covid", indicado para combater os primeiros sintomas da doença, há, além da cloroquina, a azitromicina e a ivermectina.
Questionada sobre ter declarado no ano passado ser defensora da tese de "imunização de rebanho", a depoente afirmou ser necessário contextualizar a sua fala e explicou que, à época, o cenário indicava ser esta uma possibilidade real. Na visão dela, a "imunidade de rebanho é um fato", ao qual não caberia interpretação.
A médica completou o raciocínio ao dizer que as vacinas "fazem parte dessa imunidade de rebanho".
"As vacinas também fariam parte dessa imunidade de rebanho, está claro no meu depoimento que eu falava que as vacinas também fariam parte desse momento e mais, o tratamento precoce também seria parte, que é o que preconizo."
* Com a colaboração de Ana Carla Bermúdez
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