Conselho de Medicina critica tratamento dado a médicos em CPI: "Humilhação"
O CFM (Conselho Federal de Medicina) criticou hoje o tratamento dado a médicos durante depoimentos à CPI da Covid, instaurada para investigar ações do governo federal em meio à pandemia. A reação da entidade ocorre dois dias depois de depoimento da médica oncologista Nise Yamaguchi, conhecida por defender o uso da hidroxicloroquina contra a covid-19. Ela foi interrompida inúmeras vezes por parlamentares, que não a deixavam concluir o raciocínio.
Na nota, publicada em seu site, o CFM diz que profissionais buscaram o órgão para manifestar sua insatisfação com a postura de membros da CPI.
"A classe lamenta que esses médicos chamados a depor estejam sendo submetidos a situações de constrangimento e humilhação. Ao comparecer na CPI da Pandemia, qualquer depoente ou testemunha tem garantidos seus direitos constitucionais, não sendo admissíveis ataques à sua honra e dignidade, por meio de afirmações vexatórias", diz trecho do comunicado.
"O que tem sido exibido em rede nacional configura situação inaceitável e incoerente com o clima esperado em um ambiente onde as discussões devem se pautar pela transparência e idoneidade. Em lugar disso, testemunha-se situações que desmoralizam os médicos e as médicas", acrescenta.
Na carta, o CFM pede ainda ao presidente do senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que "tome as providências que considerar necessárias".
Nos bastidores, comenta-se que os senadores da CPI são mais duros com profissionais de saúde que adotam posturas consideradas governistas, como a defesa da cloroquina e do tratamento precoce.
Convidada para depor à comissão depois de seu nome ter sido citado pelo presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres, Nise Yamaguchi, de 62 anos, foi interrompida inúmeras vezes por parlamentares ao longo das cerca de oito horas de depoimento, o que gerou revolta em políticos da base governista, dentre eles, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Bolsonaro.
Nesta quinta, Bolsonaro comentou o assunto durante a realização de sua live semanal e, novamente, defendeu Nise Yamaguchi.
"Fizeram uma opção equivocada no passado, e tão perdendo uma opção de ser útil. Ficam lá três marmanjos, Renan Calheiros, Phd em inquéritos no supremo, o Omar Aziz que conhece tudo de saúde no seu estado, acusado de um monte de coisa, o outro lá, aquela pessoa lá do Amapá, outro senador, fica maltratando pessoas que falam o que eles não gostam de ouvir, inclusive duas mulheres. Nise Yamaguchi e Mayra, duas excepcionais profissionais, entendem do assunto, que defendem o tratamento imediato."
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