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Absolvição de Pazuello pelo Exército contraria a lógica, diz Raul Jungmann

O ex-ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, durante entrevista exclusiva ao UOL, no estúdio de Brasília. - Kleyton Amorim/UOL
O ex-ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, durante entrevista exclusiva ao UOL, no estúdio de Brasília. Imagem: Kleyton Amorim/UOL

Do UOL, em São Paulo

03/06/2021 21h27Atualizada em 03/06/2021 22h03

O ex-ministro da defesa, Raul Jungmann, afirmou hoje que a decisão do Exército em não punir o general Eduardo Pazuello "contraria a lógica". O ex-ministro da Saúde participou de uma manifestação política ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"A decisão do Comando do Exército contraria a lógica, contraria sobretudo o regimento disciplinar do exército e estatuto dos militares", disse o ex-ministro do governo Michel Temer (MDB) em entrevista para Globo News.

A ida de Pazuello ao ato no Rio de Janeiro causou constrangimento na cúpula do Exército, já que ele não exerce cargo no governo que justificasse sua presença.

Em nota, o Centro de Comunicação do Exército justificou que o Comandante do Exército, general Paulo Sérgio, "analisou e acolheu os argumentos apresentados por escrito e sustentados oralmente pelo referido oficial-general". O processo foi arquivado.

Segundo Jungmann, o ex-ministro da Saúde "transgrediu" uma regra participando de um ato político e "induzido" por Bolsonaro.

"A hierarquia e a disciplina são fundamentos de uma Força Armada em qualquer lugar do mundo. Ele teria de ser punido e não sendo, evidente que isso é uma decisão inaceitável, que de fato não contribui para que você tenha uma Força Armada numa posição de Estado e favorece aquilo que não se quer que é a monarquia dos quartéis", pontuou.

O ex-ministro disse ainda que é necessário que "todos se manifestem em defesa da ordem da democracia", porque Bolsonaro quer "tumultuar" o processo eleitoral tirando a credibilidade da votação digital.

Congresso precisa regulamentar participação de militares, diz Jungmann

Questionado sobre o que espera que a sociedade ou as instituições façam em defesa da democracia, o ex-ministro de Temer disse que é necessário que o Congresso Nacional regulamente a participação de militares na ativa dentro do governo.

"Não só no atual governo, mas em qualquer governo, já devia ter feito há muito tempo. Cabe ao Congresso Nacional deixar claro que militares na ativa não devem participar de governos", apontou.

Em relação ao STF (Supremo Tribunal Federal), Jungmann disse que o órgão "vem cumprindo com seu papel na defesa da Constituição".