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Zema: Se PNI for cumprido, MG vacinará toda a população até outubro

Colaboração para o UOL

04/06/2021 12h08

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse hoje em participação no UOL Entrevista que, se não houver atraso no fornecimento de insumos e de vacinas contra a covid-19 para o cumprimento do PNI (Programa Nacional de Imunizações), toda a população mineira deverá ser imunizada contra o vírus até o fim de outubro deste ano.

Nesta semana, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que vacinará toda a população adulta do estado até o fim de outubro e divulgou um calendário para a imunização de diferentes faixas etárias.

"De acordo com o Programa Nacional de Imunizações, caso ele venha a ser cumprido pelo Ministério da Saúde, o nosso calendário será praticamente o mesmo de São Paulo", disse Zema ao participar da entrevista, conduzida pela jornalista Fabíola Cidral, pelo colunista Josias de Souza e pela repórter Amanda Rossi.

O governador mineiro afirmou que, por se tratar de um programa nacional, "o que acontecer em São Paulo também vai acontecer em outros estados". Zema ponderou, no entanto, que os atrasos e contratempos no fornecimento de vacinas e de insumos para os imunizantes podem vir a alterar a previsão do próprio PNI.

"Nossa secretaria de Saúde está avaliando se compensa criar uma expectativa que, talvez, possa ser frustrada", disse o governador sobre a divulgação de um cronograma para a imunização no estado.

"Provavelmente, devemos também publicar um calendário, mas deixando claro [que vale] caso o Ministério da Saúde venha a cumprir o seu cronograma", declarou.

Atuação do governo federal na pandemia

Zema, que declarou apoio ao então candidato Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições presidenciais de 2018, tergiversou ao ser perguntado sobre a atuação do governo federal no que diz respeito à pandemia.

"Ficar mandando pedra nos outros é um dos esportes mais praticados no Brasil. Não quero participar desse esporte porque tenho tantos incêndios para apagar aqui [em Minas] e me parece que seria perda de foco", disse.

O governador também evitou responsabilizar o presidente por atrasos na compra de vacinas contra a covid-19 —o jornal Valor Econômico mostrou recentemente que, em um mesmo dia em agosto de 2020, o Ministério da Saúde teve a oportunidade de contratar 130 milhões de vacinas da Pfizer e do Instituto Butantan, mas ignorou as ofertas.

"Quando se analisa um problema a posteriori, é muito fácil tirar qualquer conclusão. Eu diria que, quando se trata de vidas humanas, todo cuidado é bem-vindo. Com certeza houve certa negligência —o governo, até por desconhecer as consequências da pandemia, deveria ter tomado todas as medidas", disse o governador, citando os problemas econômicos e sociais decorrentes da pandemia.

"Poderia ter sido mais bem conduzido, mas não só no Brasil, em outros países também", afirmou.

Eleições de 2022

Eleito em 2018, Zema afirmou que será pré-candidato pelo Novo para a disputa pelo governo de Minas em 2022. "Não gosto de iniciar uma tarefa e deixá-la pela metade", afirmou.

"Deixei a empresa que criei, fiz minha sucessão e só saí quando vi minha tarefa concluída. Quero fazer a mesma coisa aqui em Minas Gerais. Devido ao ritmo do setor publico, à aprovação de leis, vi claramente que 4 anos não seriam suficientes para fazermos tudo o que queremos", disse.

Perguntado sobre quem apoiará na disputa presidencial do ano que vem, caso haja um eventual segundo turno entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Zema não respondeu.

"Eu espero que o candidato do Novo esteja presente lá para eu votar no candidato do Novo", disse. Entre os nomes cogitados pelo partido, segundo ele, estão o de João Amoêdo —que já foi lançado como pré-candidato— e o do deputado federal Tiago Mitraud (Novo-MG).

Reformas e CPI da Covid

Na entrevista, Zema criticou o que classificou como um "palanque" proporcionado pela CPI da Covid e defendeu que a prioridade do Congresso deveria ser a realização de reformas.

"Por que temos Polícia Federal, Tribunal de Contas da União, Ministério Público Federal? Para fazer essas apurações. O que eu não concordo é alguns usarem isso como palanque", afirmou, fazendo referência à comissão no Senado.

"Tínhamos de estar aqui discutindo reformas. Quais tivemos em 40 anos? A trabalhista, três anos atrás, e a previdenciária, há dois anos. Cadê a reforma tributária, a reforma política, a reforma eleitoral?", questionou.

"Isso que vai nos tornar em um país rico, com condição de produzir vacina, e não um país dependente de insumos e tecnologia estrangeira", disse ainda.

Copa América

O governador afirmou também que, em um momento de pandemia, "qualquer aglomeração não é bem-vinda". "Fui questionado essa semana sobre Copa América e disse que não quero jogos com público no estado", disse.

Após cancelar a realização da Copa América na Argentina devido à situação da pandemia no país, a Conmebol anunciou que o campeonato será realizado no Brasil —que ocupa o 2º lugar no mundo com mais óbitos pela covid. Ao fazer o anúncio, a Conmebol agradeceu ao presidente Jair Bolsonaro.

O governo Bolsonaro confirmou a realização do torneio e anunciou que os jogos acontecerão em Mato Grosso, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Goiás, sem público.