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Compra de cloroquina em 2020 foi para programa antimalária, diz Elcio

Thaís Augusto e Lucas Valença

Do UOL, em São Paulo e Brasília

09/06/2021 11h35Atualizada em 09/06/2021 15h04

O coronel Antônio Elcio Franco Filho, ex-número dois do Ministério da Saúde durante a gestão do ministro Eduardo Pazuello, afirmou hoje à CPI da Covid que a compra de cloroquina feita pela pasta em 2020 foi para atender o programa antimalária. Documentos obtidos pelo colegiado e já divulgados pela imprensa mostram que o remédio foi utilizado no tratamento da covid-19.

"Não ocorreu a aquisição de cloroquina em 2020 para combate a covid, porém, identificamos que, para atender ao programa antimalária do primeiro semestre deste ano, em 30 de abril de 2020 foi assinado um termo aditivo com a Fiocruz no valor de R$ 50 mil visando a aquisição desse fármaco para uso posterior", disse o militar ao colegiado.

Em maio deste ano, um documento entregue pelo Ministério da Defesa à CPI informava que parte da cloroquina produzida pelo Exército Brasileiro foi usada no tratamento da doença. O medicamento não possui comprovação científica para o tratamento da covid-19.

Em outro momento do depoimento à CPI, o militar voltou a afirmar, porém, que o medicamento foi comprado para o programa antimalária.

Elcio Franco ocupou o cargo no Ministério da Saúde por dez meses. A exoneração ocorreu em março deste ano, mesmo mês em que o general Eduardo Pazuello deixou o comando da pasta.

O depoimento do militar, que acontece hoje, estava inicialmente previsto para ocorrer no dia 27 de maio, mas o ex-servidor alegou ter sido contaminado com o novo coronavírus.

No começo da sessão, os senadores da CPI aprovaram a convocação do deputado Osmar Terra (MDB-RS). A data do depoimento, porém, ainda não foi definida.

A oposição e os senadores considerados independentes querem saber do ex-ministro da Cidadania como funcionava o chamado "gabinete paralelo" da saúde que aconselhava o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com relação à pandemia do coronavírus.

A pedido do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), a votação da quebra de sigilos de governistas, como a do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, foi adiada para amanhã.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.