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Nosso plano de imunizações é pífio, diz Claudio Maierovitch à CPI

O médico Claudio Maierovitch, ex-presidente da Anvisa  - Evaristo Sá - 11.fev.16/AFP
O médico Claudio Maierovitch, ex-presidente da Anvisa Imagem: Evaristo Sá - 11.fev.16/AFP

Do UOL, em São Paulo

11/06/2021 11h15Atualizada em 11/06/2021 14h59

O médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Claudio Maierovitch, disse hoje que o PNI (Plano Nacional de Imunização) apresentado pelo Ministério da Saúde é pífio. A declaração foi dada na CPI da Covid.

"O plano de imunização que tivemos é um plano pífio, que não entra nos detalhes necessários para um plano de imunização que deve existir no país. Não tivemos critério homogêneos definidos para o Brasil inteiro de forma que ficou a cargo de cada estado e município definir seus critérios. Pode parecer democrático, mas frente a uma epidemia dessa natureza e escassez de recursos que temos, deixa de ser democrático para produzir iniquidades".

Maierovitch também criticou a falta de um plano para aquisição de imunobiológicos. "Assistimos estarrecidos um desestímulo oficial a que um grande laboratório nacional assumisse a produção de vacinas", disse em referência ao Instituto Butantan, que produz a CoronaVac no Brasil. "Certamente o cenário seria diferente se houvesse uma busca por imunizantes e acordo para a produção nacional".

O ex-presidente da Anvisa também relembrou a vacina da Janssen, de dose única, fabricada pela Johnson&Johnson. "Foram realizados estudos clínicos no Brasil sem que houvesse negociação ou contrapartida na forma de priorização de vacinas para o Brasil", disse. "Não vimos atuação da diplomacia, pelo que vimos, funcionou no sentido inverso no caso de vacinas que países que eram extremamente próximos do BRICS, particularmente a relação com a China".

"O que poderíamos ter tido desde o início? Em primeiro lugar, a presença do estado com plano de contenção, preparação, não apenas para as chamadas barreiras sanitárias, de pouca eficácia para doenças que tem portadores assintomáticos, mas especialmente para a detecção rápida, testagem, rastreamento de contato. Tínhamos experiência para fazer tudo isso."

Ele também criticou a falta de uma campanha nacional e a falta de treinamento para evitar perda de doses. "Tivemos um sistema desorganizado", lamentou.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.