À CPI servidor da Saúde cita relato de cobrança de propina por vacina
Servidor do Ministério da Saúde responsável por autorizar ou não pedidos de importação, Luis Ricardo Miranda afirmou hoje na CPI da Covid ter sido informado por um colega sobre a cobrança de propina por vacina na pasta.
Ao ser questionado pelo presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, Omar Aziz (PSD-AM), sobre os envolvidos no relato do pedido de propina, Luis Ricardo respondeu:
"O ministério estava sem vacina e um colega de trabalho, Rodrigo, servidor, me disse que tinha um rapaz que vendia vacina e que esse rapaz disse que os seus, alguns gestores, estavam pedindo propina."
Indagado pelos senadores sobre quem seria esse "rapaz", Luis Ricardo disse que "ele [Rodrigo] não citou o nome". Ele também não deixou claro de onde seria esse "rapaz".
Inicialmente, Luis Ricardo não informou o sobrenome do colega nem sua função no ministério. Mais tarde, em questionamento de um senador, afirmou se tratar de "Rodrigo de Lima", que seria funcionário terceirizado da pasta.
Senadores da oposição defenderam que Rodrigo seja chamado para prestar explicações à CPI.
A CPI ouve hoje Luis Ricardo e seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), após fazerem denúncia de suposta pressão de integrantes do governo federal para a importação da vacina indiana Covaxin contra a covid-19.
O deputado Luis Miranda afirmou que seu irmão sofreu pressões pela importação do imunizante e se recusou a autorizá-la, apontando para possíveis fraudes no processo. O parlamentar revelou ter alertado tanto o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, quanto o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre as suspeitas.
Em mensagem de texto no celular enviada ao irmão e com print entregue à CPI, Luis Ricardo escreveu:
"Aquele rapaz que me procurou dizendo que tem vacina. Disse que não assinaram porque os caras cobraram dele propinas para assinar o contrato. Vou perguntar se ele tem provas".
A conversa é apontada como sendo de 20 de março deste ano.
Em seguida, Luis Ricardo fala para o irmão que voltou a receber uma ligação de seu coordenador perguntando sobre a situação do pedido de importação da Covaxin e solicitando que acelerasse o processo, inclusive "dizendo que a empresa foi agora ao ministério levar documentos".
O deputado então recomenda que avise a Polícia Federal.
Supostamente pressionado a dar celeridade ao aval para chegada da Covaxin ao país, o funcionário teria se recusado a agir dessa forma e disse que sua equipe havia identificado falhas de documentação e inconsistências no acordo firmado com o laboratório indiano Bharat Biotech e a sua intermediária no Brasil, a Precisa Medicamentos.
A oitiva dos irmãos gera grande expectativa entre os membros da oposição e da base governista, pois o conteúdo das declarações tem potencial para dar luz a um possível esquema de corrupção dentro do Ministério da Saúde. O governo federal nega ter cometido ou compactuado com quaisquer irregularidades.
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