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Aziz: É o caso de investigar Bolsonaro por prevaricação porque é grave

Do UOL, em São Paulo

28/06/2021 08h20Atualizada em 28/06/2021 11h16

Omar Aziz (PSD-AM), senador e presidente da CPI da Covid, disse hoje, durante o UOL News, que a população está vendo que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) é uma "fachada" e há fortes indícios de prevaricação do presidente em razão das denúncias feitas pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) à CPI da Covid na última semana sobre a aquisição da vacina Covaxin. O senador declarou achar necessário investigar o mandatário porque é uma denúncia "grave".

Só que agora, a CPI, que está na casa de cada brasileiro, bem diferente das outras CPIs, ela tem dado resultado do ponto de vista que a população está acordando e vendo que o governo é uma fachada. Acho que tem muitos indícios fortes de prevaricação no cargo [de presidente, se] comprovado esse relato feito pelo deputado Luis Miranda"
Omar Aziz, presidente da CPI da Covid, ao UOL News

Segundo Aziz, os indícios apontam a necessidade de investigação do atual mandatário pelo crime de prevaricação diante da aquisição da vacina Covaxin pelo governo federal.

"Eu acho que é o caso de investigar [Bolsonaro pelo crime de prevaricação] porque é grave. Por que investigar? Porque não houve uma defesa do presidente. Porque em vez de se defender, ele ataca terceiros. Ele não pode atacar a CPI porque não foi a CPI que acusou ele. Nós não acusamos o presidente de prevaricação", declarou.

E completou: "São vários fatos relatados ali pelo deputado [Luis Miranda] que induz a crer que o presidente realmente prevaricou na função. E, por incrível que pareça, não se defenderam [das acusações]. A primeira coisa que ele [Bolsonaro] faz quando você ataca ou fala dele, ele vai para o Twitter e te desconstrói. Ele não deu uma palavra com relação ao Luis Miranda".

Aziz também criticou o fato de outros membros do governo falarem no lugar do presidente sobre o caso Covaxin e as denúncias de Luis Miranda.

"O problema não é o Ricardo Barros, não é o outro parlamentar. O problema agora foi o presidente que foi citado. Não é governo dele, não é o Onyx [Lorenzoni] que tem que dar entrevista. É o presidente que tem que falar sobre o assunto. É uma diferença muito grande."

Conversa de Miranda com Bolsonaro

Para Aziz, o deputado Luis Miranda deve ter a gravação da conversa dele e do seu irmão, Luis Ricardo Miranda, com Jair Bolsonaro sobre o caso Covaxin porque "ele fala literalmente as palavras do presidente. É muito difícil você lembrar quatro meses depois [da conversa]".

O presidente da CPI afirmou que Luis Miranda "não disse que não tem" a gravação do encontro com o presidente e ainda estranhou o fato de Bolsonaro não atacar o diretamente Miranda nesses três dias após as denúncias feitas pelo deputado na CPI da Covid.

"Ele [Luis Miranda] disse que o presidente tem que pensar muito antes de responder a ele. De desmenti-lo, pois ele diz o seguinte: 'olha, pode me chamar de tudo, mas de mentiroso, não. Duvido o presidente me desmentir. Então, quando você faz uma afirmação dessa, é porque você tem alguma coisa na manga."

O presidente da CPI também declarou que o fato de o servidor de carreira Luis Ricardo Miranda ter, segundo o seu irmão, perdido o acesso ao sistema interno do Ministério da Saúde é mais um indício de uma possível irregularidade.

"Como que proíbe o servidor de ter acesso ao trabalho que ele tem que fazer diariamente? Tem alguma coisa a esconder? Só pode ser isso: estão escondendo alguma coisa."

Novas convocações

O senador ainda disse que deverá ser aprovada amanhã a convocação do líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), para depor na CPI da Covid. Barros foi citado no depoimento de Luis Miranda como o nome que Bolsonaro relacionou às supostas irregularidades na Covaxin. De acordo com Aziz, além de Barros, os superiores do irmão do deputado Luis Miranda e outras pessoas citadas pelo funcionário público também serão convocadas.

Sobre o interesse de Andrea Barbosa, ex-mulher do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, de depor à CPI, Aziz ponderou que, segundo a sua opinião, a mulher não deve ser ouvida. O senador declarou que o e-mail enviado por Andrea pedindo para ser ouvida não continha informações sobre possíveis irregularidades na gestão do general à frente da pasta.

"O que tem ali é uma pessoa muito ressentida com uma separação. Ela [Andrea] fala que ele está namorando outra pessoa, mas isso não é problema meu. Eu não entro nessas coisas. Se essa senhora tiver algum fato referente a administração ou operação não republicanas, sim, ela é de grande valia."

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.