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"Cai a desculpa de que problema na Saúde era a logística", diz Mandetta

Luiz Henrique Mandetta na CPI da Covid - Jefferson Rudy/Agência Senado
Luiz Henrique Mandetta na CPI da Covid Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

29/06/2021 23h01Atualizada em 30/06/2021 11h33

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) pediu esclarecimentos ao governo de Bolsonaro após denúncia feita por Paulo Dominguetti Pereira, representante da Davati Medical Supply, empresa que tentou negociar com o Ministério da Saúde a venda de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Dominguetti acusou o diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, de cobrar a propina de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde. Segundo a reportagem, a suposta cobrança de propina ocorreu em um jantar no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, no dia 25 de fevereiro.

Cai a desculpa de que o problema na Saúde era logístico. Transporte e tráfico de interesses escusos, típicos do toma lá dá cá que este governo dizia combater. Fatos graves. Esclareçam. Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde

Roberto Dias foi indicado ao cargo pelo líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara dos Deputados. Sua nomeação ocorreu em 8 de janeiro de 2019, na gestão do próprio ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM).

De acordo com o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), associou Barros às irregularidades identificadas na negociação pela compra das vacinas Covaxin. O servidor do Ministério da Saúde responsável pelas importações e que levantou suspeitas sobre as negociações é Luis Ricardo Miranda, irmão do deputado denunciante.

Inicialmente, a Davati negociou cada dose do imunizante ao preço de US$ 3,5 por cada; depois passou a US$ 15,5.

O caminho do que aconteceu nesses bastidores com o Roberto Dias foi uma coisa muito tenebrosa, muito asquerosa Dominguetti, em entrevista à Folha

Repercussão

Após a denúncia, o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), anunciou nas redes sociais que Paulo Dominguetti Pereira será convocado para depor na próxima sexta-feira.

"Denúncia forte. Vamos convocar o senhor Luiz Paulo Dominguetti Pereira para depor na #CPIdaPandemia na próxima sexta-feira, dia 02/07", escreveu ele, nas redes sociais, na noite de hoje.

Momentos antes do anúncio de Aziz, o vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), anunciou a apresentação de requerimento para a convocação de Dominguetti à Comissão Parlamentar de Inquérito.

Nas redes sociais, Randolfe Rodrigues reagiu às denúncias de corrupção e escreveu que o vendedor precisa ir à CPI da Covid, que apura ações e omissões do governo federal em meio à pandemia.

"Corrupção! Ladroagem", iniciou Randolfe. "Estou, junto com senador Alessandro, apresentando requerimento de convocação do sr. Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da Davati Medical Supply. O mesmo detalha o pedido de propina por parte do governo Bolsonaro."