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Vendedor que denunciou suposta propina na Saúde será ouvido na 6ª, diz Aziz

Imagem mostra a sede do Ministério da Saúde, em Brasília  - Kleyton Amorim/UOL
Imagem mostra a sede do Ministério da Saúde, em Brasília
Imagem: Kleyton Amorim/UOL

Do UOL, em São Paulo

29/06/2021 21h23Atualizada em 29/06/2021 23h13

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), anunciou nas redes sociais que Paulo Dominguetti Pereira, representante da Davati Medical Supply, empresa que tentou negociar com o governo de Jair Bolsonaro a venda de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, será convocado para depor na próxima sexta-feira.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Dominguetti acusou o diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, de cobrar a propina de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde.

"Denúncia forte. Vamos convocar o senhor Luiz Paulo Dominguetti Pereira para depor na #CPIdaPandemia na próxima sexta-feira, dia 02/07", escreveu ele, nas redes sociais, na noite de hoje.

Momentos antes do anúncio de Aziz, o vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), anunciou a apresentação de requerimento para a convocação de Pereira à Comissão Parlamentar de Inquérito.

Nas redes sociais, Randolfe reagiu às denúncias de corrupção e disse que o vendedor precisa ir à CPI da Covid, que apura ações e omissões do governo federal em meio à pandemia.

"Corrupção! Ladroagem", iniciou Randolfe. "Estou, junto com senador Alessandro, apresentando requerimento de convocação do sr. Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da Davati Medical Supply. O mesmo detalha o pedido de propina por parte do governo Bolsonaro."

Segundo a reportagem, a suposta cobrança de propina ocorreu em um jantar no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, no dia 25 de fevereiro.

Roberto Dias foi indicado ao cargo pelo líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara dos Deputados. Sua nomeação ocorreu em 8 de janeiro de 2019, na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM).

De acordo com o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), associou Barros às irregularidades identificadas na negociação pela compra das vacinas Covaxin. O servidor do Ministério da Saúde responsável pelas importações e que levantou suspeitas sobre as negociações é Luis Ricardo Miranda, irmão do deputado denunciante.

Inicialmente, a Davati negociou cada dose do imunizante ao preço de US$ 3,5 por cada; depois passou a US$ 15,5.

O caminho do que aconteceu nesses bastidores com o Roberto Dias foi uma coisa muito tenebrosa, muito asquerosa Dominguetti, em entrevista à Folha

"Eu falei que nós tínhamos a vacina, que a empresa era uma empresa forte, a Davati. E aí ele falou: 'Olha, para trabalhar dentro do ministério, tem que compor com o grupo'. E eu falei: 'Mas como compor com o grupo? Que composição que seria essa?'", prosseguiu.

"Aí ele me disse que não avançava dentro do ministério se a gente não compusesse com o grupo, que existe um grupo que só trabalhava dentro do ministério, se a gente conseguisse algo a mais tinha que majorar o valor da vacina, que a vacina teria que ter um valor diferente do que a proposta que a gente estava propondo", concluiu.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.