Fátima Bezerra: 'Na minha vida pública ou privada nunca existiram armários'
Em meio à repercussão da declaração do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que ontem afirmou ser gay, o nome da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), virou assunto nas redes sociais, após o ex-deputado Jean Wyllys dizer que a petista é lésbica. Hoje, ela escreveu que em sua vida "nunca existiram armários" e que sabe o que é "a dor da discriminação e do preconceito".
Por meio de seu perfil nas redes sociais, Bezerra, de 66 anos, disse que, ao longo de sua vida, ela "jamais" deixou de se posicionar contra os atos de violência sofridos pelos grupos socialmente oprimidos, como os LGBTQIA+, e prestou solidariedade ao tucano por ter feito "um gesto importante" ao se assumir.
Na minha vida pública ou privada nunca existiram armários. Sempre demarquei minhas posições através da minha atuação política, sem jamais me omitir na luta contra o machismo, o racismo, a LGBTfobia e qualquer outro tipo de opressão."
Fátima Bezerra, governadora do RN
"O governador Eduardo Leite fez um gesto importante e tem minha solidariedade por ataques que venha a sofrer em razão de sua declaração. Eu sei o que é a dor da discriminação e do preconceito", continuou.
Comunidade pouco representada politicamente
Fátima Bezerra ponderou que os chamados grupos minoritários, entre os quais estão os membros da comunidade LGBTQIA+, "são, por vezes, [a] maioria da sociedade, mas pouco representadas politicamente".
"Os mandatos que recebi do povo, de deputada estadual, deputada federal, senadora e, agora, de governadora do meu estado, o RN, sempre estiveram à disposição das lutas civilizatórias", destacou.
"Tenho orgulho de sempre ter representado essa luta e consciência de que, mais do que nossa condição humana, importam à sociedade as nossas ações para transformar o mundo em um lugar melhor para viver com justiça, dignidade e direitos iguais para todas e todos", completou.
Eduardo Leite revelou que é gay
Eduardo Leite declarou ser homossexual em entrevista concedida ao programa "Conversa com Bial", comandado por Pedro Bial na TV Globo.
A declaração do governador do RS, no entanto, rendeu críticas pelo fato de, em 2018, durante as eleições presidenciais, Leite ter declarado voto no presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Em seu perfil no Twitter, o ativista político e ex-deputado federal Jean Wyllys afirmou que Eduardo Leite teria "coragem" de se declarar gay se ele tivesse se oposto ao presidente quando este "disseminava mentiras como 'kit gay' e 'mamadeira de piroca' que objetivam nos associar à pedofilia. Naquele momento, o governador era cúmplice".
Wyllys disse que não ficará alegre com a declaração se o tucano "não expressar por atos e novas palavras que se arrepende de ter apoiado alegre e explicitamente" Bolsonaro.
Por fim, ele criticou o fato de Fátima Bezerra ser lésbica não ter ganhado a mesma notoriedade e repercussão na imprensa.
"Que destaque foi dado por essa mesma imprensa ao fato de Fátima Bezerra, governadora do RN e aliada desde sempre da comunidade LGBTQ, ser lésbica? Nenhum. Mas decidem fazer uma festa com o outing tardio do governador, feito sob medida num programa da TV Globo", escreveu.
Além de ter assumido ser um homem gay publicamente pela primeira vez, Eduardo Leite também revelou que está namorando um médico do Espírito Santo.
"Tô namorando há nove meses. Não é do Rio Grande do Sul, é um médico do Espírito Santo. Tenho enorme admiração e amor por ele. Trabalhou em hospital de campanha. Algumas pessoas falam sobre alguma coragem que eu possa ter sobre assumir isso publicamente. Eu acho que há alguma, mas coragem tem mesmo quem vai para um hospital de campanha, para trabalhar na linha de frente da pandemia. Gente que está fazendo tanto para superar esse quadro de pandemia. Tem tantos outros exemplos de coragem que a minha fica pequenininha. E aí a minha homenagem a todos os profissionais de saúde a partir do meu namorado, que também é médico", declarou.
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