Em ato na Paulista, manifestantes lamentam a morte de parentes para covid
A professora Flávia Cristina de Melo, 33, veio de Santo André até a Avenida Paulista acompanhada pelos padrinhos de seu casamento. Os três carregavam cartazes e camisetas lembrando Douglas de Melo, 37, que morreu em abril em decorrência da covid-19.
"Nós tínhamos muito cuidado. Não saímos de casa para nada, a gente até pedia feira pela internet, não sei como que a gente pegou esse vírus", disse Flávia. O marido, conta, trabalhava em home office e ela não ia às salas de aula desde o início da pandemia.
"Ele ficou três vezes no oxigênio, um mês, certinho, intubado e não aguentou. O que mais me dói é que estava muito perto de ele tomar a vacina, ele estaria para se vacinar. E, assim, já era um descaso do governo, um negacionismo, e agora com o desenrolar das investigações a gente vê que foi corrupção mesmo, sabe? As vidas humanas, elas foram trocadas por dinheiro, por, por propina, isso me revolta", afirmou.
Flávia usava duas máscaras de proteção contra o coronavírus. Mesmo com medo, ela diz que participou das manifestações pela terceira vez para para honrar a memória do marido, com quem se casou há quatro anos.
"A minha revolta é maior, a minha dor é maior que tudo isso", desabafou.
"É um clima de dor, de luto. Sonhos interrompidos. A vida dele foi interrompida", disse Flávia.
'Ódio não faz nada'
A roteirista Marina Iorio, 29, levou à manifestação da Paulista uma placa em lembrança do amigo Jomar Bellini, que morreu na quinta (1º), aos 30 anos, em decorrência da covid-19.
É a terceira vez que ela vem aos atos contrários ao presidente. Na segunda, trouxe um cartaz em homenagem a uma amiga que, na ocasião, estava intubada, também em razão da doença e se recuperou.
"Ele [Jomar]era uma pessoa muito amada, muito responsável, um cara que não tinha tristeza. O legado que ele deixa é a alegria", disse Marina.
"Acho que é importante lembrar que nas manifestações a gente vê muitas mensagens de ódio. Vê esses bonecos sendo arrebentados. Acho que o ódio por si só não movimenta, não faz nada."
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