Epidemiologista faz apelo a Bolsonaro e pede 'pacto nacional' por lockdown
O epidemiologista Pedro Hallal, que depôs na CPI da Covid no último dia 24 de junho, fez um apelo para que o Ministério da Saúde e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) adotem um lockdown em todo o país por três semanas para que o Brasil possa relaxar as medidas de distanciamento e uso de máscaras contra covid-19 já em setembro.
"Parece que nós [cientistas] precisamos jogar sempre contra o Governo Federal. Não, a gente está convidando o Governo Federal. Presidente Bolsonaro, o senhor errou em quase tudo em relação à pandemia. Nesse momento, por favor, venha jogar no nosso time para que a partir de setembro o Brasil reabra adequadamente. Para isso, precisamos de três semanas de lockdown, investir na vacinação, e nós ficaremos iguais ao Uruguai, Estados Unidos e Europa. Precisamos do senhor, presidente. Se o senhor vier para o nosso time, conseguiremos vencer a covid-19 e começar setembro em outro momento", disse, em entrevista à Globonews.
Segundo o especialista, caso o país continue lidando com a pandemia da maneira atual, tais medidas só poderiam ser abandonadas no início de 2022.
"Se a gente continuar a fazer o que estamos fazendo, vacinar rápido e não manter medidas restritivas, nós vamos recuperar, vai poder tirar mascara, só a partir de janeiro ou fevereiro. Um outro caminho: tres semanas de um lockdown rigoroso no país, bota esses números no chão e a partir de setembro tudo volta ao normal", explicou.
"Essa é a decisão que os nossos gestores têm que tomar. Ou a gente reduz tudo por três semanas, ou esperamos que só a vacinação faça efeito, e aí vai demorar quatro meses a mais. É uma decisão que cabe ao ministro da Saúde, e o ministro tem tomado decisões equivocadas. Espero que dessa vez ele escute a ciência e permita que a população brasileira volte a vida normal em setembro. Para isso precisa decretar um lockdown nacional, em um pacto entre municípios, estados, imprensa, pesquisadores, um pacto nacional para que a gente possa voltar ao normal em 1º de setembro. O que nós mais temos reclamado? Que o Brasil não fez esse pacto", seguiu.
O presidente Bolsonaro já se mostrou contrário ao isolamento social e ao uso de máscaras em diversas oportunidades. Mais recentemente, afirmou que pediria ao ministro Queiroga que flexibilize a obrigatoriedade do equipamento de segurança no país. Nos estados, o uso da máscara é obrigatório - e até mesmo o presidente já foi multado por violar a regra sanitária.
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