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"Tive inseguranças e incertezas até me aceitar como sou", diz Eduardo Leite

Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul - Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul Imagem: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Do UOL, em Brasília

04/07/2021 16h26

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), comentou hoje a repercussão da entrevista na qual ele tornou público o fato de ser gay. Foi a primeira manifestação do político a respeito de sua orientação sexual. A atitude gerou uma onda de apoio e elogios nas redes sociais, mas também atraiu críticas.

Hoje, Leite rechaçou alegações de que teria feito um cálculo político pensando em candidatura à Presidência da República no ano que vem. O tucano é um dos concorrentes a presidenciável nas prévias do PSDB, assim como o governador de SP, João Doria, o senador Tasso Jereissati (CE) e o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio.

"Eu entendi que era o momento de falar, não teve qualquer cálculo do ponto de vista político-eleitoral. Aliás, nem sei quais serão os efeitos que isso terá do ponto de vista eleitoral. Talvez não sejam os efeitos positivos que muita gente possa esperar. Mas tenha efeito positivo ou negativo, é o que sou, do jeito que sou, apresentado como sou."

Leite revelou que o seu processo decisório foi permeado por "incertezas" e "inseguranças".

"Em primeiro lugar, eu não tinha falado sobre esse assunto porque, como ser humano que sou, tanto quanto qualquer pessoa, tive as minhas incertezas e inseguranças até me aceitar e entender isso como parte de mim", declarou ele durante evento do partido em Brasília, na manhã de hoje.

"Também fui criado em um ambiente que tentou me convencer, assim como tenta convencer as pessoas, de que isso é errado", completou. "Eu entendi que chegava o momento de me apresentar na minha integralidade para a população. Sabia que seria impactante, mas não sabia que seria de tamanho impacto."

O governador do RS disse ainda que, para "chegar até aqui", precisou deixar de lado o dilema sobre revelar ou não algo tão pessoal. A ideia, segundo ele, sempre foi focar no que "ele podia fazer", e não no que ele "era".

"Mas nesse momento o Brasil tem uma crise de integridade e eu entendi que era importante me apresentar desde o início nessa trajetória para o meu partido, a quem estou aqui inclusive buscando apoio para um projeto nacional que eu possa vir a liderar, me apresentar na minha integridade e integralidade."

Me apresentar íntegro e por inteiro, e não pela metade. Para não ter nada a esconder ou ser acusado de ter algo a esconder. Porque a esconder coisas erradas tem os outros. Isso não é nada de errado e nem algo que mereça ficar escondido.
Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul

A revelação de Leite ocorreu em entrevista que ele deu ao programa do jornalista Pedro Bial, exibido na última quinta-feira (1º).

As declarações de hoje ocorreram durante agenda do governador em Brasília. Ele esteve na capital federal a convite do senador tucano Izalci Lucas (DF) e participou de evento interno para tratar das prévias da sigla.

Críticas a Bolsonaro

Leite também fez hoje críticas ao presidente Jair Bolsonaro e disse não ter "apoiado" a candidatura do atual governante em 2018.

Bolsonaro sempre foi adepto de declarações de cunho homofóbico e, durante a carreira na política, acumulou falas que são apontadas como manifestações preconceituosas (em relação a mulheres, negros e outros grupos identitários).

Alguns dos que fizeram críticas a Leite lembraram que ele declarou voto em Bolsonaro no segundo turno da corrida eleitoral de 2018. E, com isso, argumentaram que a postura do governador do RS seria incoerente.

"Não considero ter apoiado. Apoiar um candidato significa, além de declarar o voto, buscar votos para um candidato. Isso é apoio, isso eu jamais fiz. Não fiz campanha casada, não misturei meu nome ao do candidato, não fiz material conjunto e nem procurei estimular que as pessoas votassem. Declarei qual seria meu voto em função do que se apresentava naquele segundo turno", rebateu o gaúcho.

"As declarações de intolerância que o presidente tinha tido no passado me pareciam naquele momento [que] teriam, embora preocupantes, menos espaço para se apresentarem de forma prejudicial ao país. Na medida em que temos instituições fortes que garantiriam que a posição homofóbica dele não significasse política pública contrária a gays, lésbicas, bissexuais, transexuais o qualquer outro público homossexual. Então a gente tem que analisar esse erro, aprender com ele, para não cometer mais este erro."