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Empresa investigada na CPI ganhou 70% mais com Barros na Saúde, diz jornal

Deputado Ricardo Barros, líder do governo an Câmara - Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Deputado Ricardo Barros, líder do governo an Câmara Imagem: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo

12/07/2021 08h41Atualizada em 12/07/2021 08h54

A empresa a VTC Operadora de Logística faturou 70% a mais nos dois anos em que o atual líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), foi ministro da Saúde do que ela ganhou prestando serviços à pasta nos sete anos anteriores. A informação é do jornal "O Globo", que levantou dados junto ao Portal da Transparência.

De acordo com o jornal, a empresa faturou R$ 258 milhões entre maio de 2016 e março de 2018. Nesse período, seis dos sete contratos assinados entre a empresa e o Ministério do Saúde tiveram dispensa de licitação, o que representa R$ 253 milhões, ou 98% do total.

A empresa está na mira dos senadores da CPI da Covid, que já aprovaram requerimento de convocação da diretora executiva da VTC, Andreia Lima. A empresa é contratada pelo Ministério da Saúde para receber, armazenar e distribuir as vacinas contra o novo coronavírus. Barros também deverá ser ouvido na comissão.

Entre 2009, quando começou a prestar serviços ao Ministério da Saúde, e 2015, a VTC recebeu R$ 152 milhões em contratos com a pasta, todos conquistados por meio de pregão eletrônico, o que representa uma média de R$ 21 milhões por ano.

Com Barros no comando do Ministério da Saúde no governo Michel Temer (MDB), após o afastamento de Dilma Rousseff (PT), a empresa aumentou seu faturamento em contratos com a pasta para R$ 34 milhões em 2016 e R$ 223,5 milhões em 2017.

Ao deixar a pasta, em março de 2018, Barros foi substituído por Gilberto Occhi, também ligado ao PP, que permaneceu no cargo até o final daquele ano. Sob Occhi, a VTC faturou mais R$ 178 milhões em contratos com a Saúde, dos quais R$ 81,7 milhões com dispensa de licitação.

Na gestão de Luiz Henrique Mandetta na Saúde, já no governo de Jair Bolsonaro (sem partido), a empresa fechou um contrato de R$ 21,9 milhões em 2019, desta vez por meio de pregão eletrônico.

Além disso, segundo reportagem do "Jornal Nacional", da TV Globo, o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias autorizou a assinatura de um contrato com valor 1.800% mais caro do que o que havia sido recomendado em um parecer pelos técnicos da pasta.

Dias, que foi exonerado após denúncia de que teria cobrado propina ao negociar compra de vacinas contra a covid-19, foi ouvido pela CPI na semana passada. Ele acabou sendo detido sob acusação de mentir durante seu depoimento e foi liberado após pagar fiança.

Barros nega irregularidade

Ao jornal "O Globo", Barros negou participação em qualquer irregularidade. "A medida fez parte de um amplo processo de gestão que reviu contratos em todas as áreas do ministério. Esta e outras ações geraram R$ 5 bilhões em economias", afirmou o líder do governo na Câmara, em nota.

Também ao jornal, a VTC disse desconhecer "qualquer vantagem ou aumentos expressivos em contratos firmados com o ministério em 2016 e 2017". Sobre o contrato mencionado em reportagem da TV Globo, a empresa negou a existência de sobrepreço e defendeu a legalidade das ações.

Procurado, o Ministério da Saúde não se manifestou.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.