Bolsonaro transformou PF em 'salvo-conduto' para depoentes, diz Randolfe
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid), afirmou hoje que o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) transformou a Polícia Federal em um "salvo-conduto" para depoentes.
A fala de Randolfe vem após a diretora da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, se recusar a responder perguntas do senadores na sessão de hoje da CPI da Covid. Emanuela é testemunha na comissão, mas é investigada pela Polícia Federal e por isso obteve no STF (Supremo Tribunal Federal) um habeas corpus para se calar perante indagações que possam a incriminar.
"É a primeira vez que alguém faz questão de ir à Polícia Federal para evitar ter que falar na CPI. O governo de Jair Bolsonaro conseguiu essa proeza: transformar a polícia federal em um salvo-conduto pra depoentes nessa comissão parlamentar de inquérito", disse Randolfe em entrevista à GloboNews.
Ele acusou o governo federal de articular uma estratégia de defesa junto com a Precisa Medicamentos, o que ele classificou como "gravíssimo". "Sem dúvida a CPI está sendo vítima de um processo, coordenado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, de obstrução às investigações".
O senador ainda lembrou que a CPI tem outros métodos de investigação além dos depoimentos, mas afirmou que o depoimento é central para o funcionamento da comissão e disse acreditar que o método usado pelos membros da Precisa é uma estratégia de quem tem culpa no cartório.
Mais cedo, após críticas dos senadores, a Polícia Federal afirmou em nota que o inquérito que apura supostas irregularidades nas negociações para compra da vacina indiana Covaxin atende às disposições legais e não está atrelado a outras investigações em andamento sobre o caso — como os trabalhos da comissão parlamentar.
Procurado pelo UOL, o governo federal ainda não se manifestou.
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