Políticos e partidos criticam live de Bolsonaro: 'Constrangedor e patético'
Políticos, partidos e entidades criticaram hoje a transmissão ao vivo feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em que ele voltou a dizer, sem apresentar provas, que houve fraude nas eleições de 2018. Para parlamentares, os argumentos de Bolsonaro — já desmentidos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) — são "constrangedores" e um "ataque sistemático à democracia".
"O presidente Bolsonaro prometeu apresentar provas de que as eleições brasileiras foram fraudadas por meio das urnas eletrônicas. No lugar disso, ofereceu um festival de argumentos constrangedores e patéticos. O máximo que conseguiu é deixar a sociedade perplexa com o nível das bizarrices apresentadas", disse o ex-deputado federal Bruno Araújo (PE), presidente nacional do PSDB, em nota.
Prova mesmo é que temos um presidente dado a paranoias e teorias da conspiração. O PSDB segue confiando no sistema eleitoral brasileiro.
Bruno Araújo, presidente do PSDB
Ainda durante a transmissão, o perfil do TSE em uma rede social fez uma série de publicações desmentindo as acusações feitas por Bolsonaro. Uma delas dizia respeito a uma suposta fraude nas eleições de Caxias (MA), em 2008 — tese já descartada pela própria Polícia Federal, que investigou o caso.
"Para investigar o boato criado em 2008, a Polícia Federal periciou as 10 urnas eletrônicas supostamente violadas e descartou violação física e adulteração dos programas instalados no aparelho, assim como a presença de arquivos contaminados por vírus", escreveu o TSE.
Confira outras reações à live de Bolsonaro:
Humberto Costa (PT-PE), senador e membro da CPI da Covid
"Já não é mais bravata. O presidente Bolsonaro faz um ataque sistemático à democracia brasileira. Cabe a todos nós, que defendemos o Estado Democrático de Direito, deixarmos de lado as nossas diferenças e nos unirmos contra essa tentativa de desmoralizar as nossas instituições."
Rodrigo Maia (sem partido-RJ), deputado federal e ex-presidente da Câmara
"Eu nasci no exílio, nós sabemos bem o que é ditadura. Meu pai foi preso, torturado, exilado. Nós defendemos a democracia. O senhor é um populista, e como todo populista, ganha as eleições pelo voto democrático e depois, por dentro do sistema, questiona as instituições democráticas (...). É assim que os populistas trabalham: questionando a democracia representativa e o Estado Democrático de Direito.
MBL (Movimento Brasil Livre)
"O chefe do executivo da nação que vive se encontrando com chefes da ABIN [Agência Brasileira de Inteligência] e PF apresenta vídeos de zap como indícios (não provas) de fraudes nas urnas (que o elegeram). Que papel ridículo. Que vergonha."
Kim Kataguiri (DEM-SP), deputado federal
"Bolsonaro não apresentou provas sobre as fraudes nas eleições, palavras dele: não posso provar. E as instituições continuarão inertes? Vamos deixar Bolsonaro atacar as eleições como se não fosse nada demais?"
Ivan Valente (PSOL-SP), deputado federal
"Absolutamente criminosa a live do Bolsonaro. Num país sério sairia preso. Acusações gravíssimas, sem provas, sem consistência, com vídeos que já foram desmentidos, contra a Justiça Eleitoral. Povo brasileiro ainda tem muito por fazer para se livrar desse mal."
Partido Novo
"Em live, Bolsonaro ofende a Democracia, o processo eleitoral e, sobretudo, o brasileiro. Após 500 dias desde que disse que havia provas de fraude na eleição de 2018, o presidente assumiu: 'Não temos provas'. Bolsonaro não é apenas inapto ao cargo. Diariamente o presidente atua contra as instituições do Estado de Direito e comete crimes de responsabilidade. O Brasil não pode mais esperar: a Câmara precisa abrir o processo de impeachment."
Gleisi Hoffmann (PT-PR), deputada federal e presidente nacional do PT
"Bobageira [sic] mentirosa de Bolsonaro na live que iria comprovar fraude nas urnas eletrônicas. O Palácio do Alvorada virou palanque eleitoral. Só fraudaram o 1º turno de 2018? Cadê as provas de fraude nas urnas? Ele mesmo disse, não temos provas! Tem de ser interpelado judicialmente."
Urnas são seguras
Apesar de questionadas por Bolsonaro, as urnas eletrônicas são auditáveis e testadas com regularidade sobre sua segurança. Já foi constatado que os dados principais são invioláveis e não podem ser infectados por vírus que roubem informações.
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) afirma que não há indícios de fraude em eleições desde 1996, quando as urnas eletrônicas foram adotadas.
Adicionalmente, segundo a Constituição, qualquer alteração no processo eleitoral deve ser aprovada ao menos um ano antes da votação. Isso significa que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do "voto impresso auditável", apoiada por Bolsonaro, precisaria passar pelo Congresso até outubro deste ano para ser aplicada às eleições de 2022.
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