Em SP, Bolsonaro diz 'querer eleições', mas faz ressalva: 'Democráticas'
Depois de promover aglomeração durante um passeio de moto em Presidente Prudente, em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou hoje a alfinetar o sistema eleitoral do país.
Em discurso para uma multidão de apoiadores, o governante afirmou "querer eleições" no ano que vem, mas fez uma ressalva logo na sequência.
Não vamos perder essa oportunidade. Nós queremos democracia, liberdade e eleições. Mas repito: eleições democráticas.
Jair Bolsonaro (sem partido)
O presidente não esclareceu o que seria, de acordo com o seu raciocínio, a "oportunidade".
Bolsonaro, que tem planos de concorrer à reeleição no ano que vem, tem feito críticas sistemáticas ao sistema eleitoral em vigor. Ele tem levantado suspeitas infundadas, na versão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), de que as urnas eletrônicas seriam suscetíveis a fraudes.
O mandatário do Palácio do Planalto é defensor do projeto que está em tramitação no Congresso com o objetivo de instituir uma validação do voto por meio de impressão em papel.
A campanha de Bolsonaro para descredibilizar o sistema eleitoral —e propagandear a ideia de que a confirmação do voto em papel tornaria o pleito "auditável" (o TSE já esclareceu que as urnas eletrônicas são auditáveis e prescindem de qualquer validação)— ocorre em um momento no qual a popularidade do governante tem apresentado queda, de acordo com as últimas pesquisas de opinião.
Durante o discurso em Presidente Prudente, Bolsonaro também disse reconhecer que preços, sobretudo de produtos como o botijão de gás, têm "fugido da normalidade".
"Sabemos que alguns preços realmente têm fugido da normalidade. Nós zeramos imposto federal do gás de cozinha. Nós estamos cada vez mais trabalhando para diminuir a nossa carga tributária."
Crítico contumaz do isolamento social e das medidas de restrição para impedir o alastramento ainda maior do coronavírus durante a pandemia, Bolsonaro voltou a comentar o tema e dizer que não seria correto "fechar o Brasil", sob risco de prejuízos à atividade econômica.
"Dizer a vocês que eu tinha poderes para fechar o Brasil. Mas eu não tranquei um botequim sequer. Eu não tirei emprego de uma pessoa sequer. Eu sempre disse que tínhamos dois problemas pela frente: o vírus e o desemprego. E que deveríamos tratá-los com a mesma responsabilidade."
Após motociata, Bolsonaro participou de evento em hospital da cidade
Bolsonaro deixou a motociata e seguiu para uma cerimônia em um hospital de Presidente Prudente. Durante o evento, ele voltou a criticar o sistema de votação do país, afirmou não existir corrupção em seu governo e que joga "dentro das quatro linhas da nossa Constituição".
"Não abrimos mão de eleições democráticas, limpas e confiáveis no ano que vem. Tudo se aperfeiçoa. Tudo tem que ser modernizado. Apenas esse sistema continua praticamente idêntico daquele do seu nascedouro, nos anos 1990. Não consigo entender porque alguns, usando o poder da força, quer impor que a gente tenha realmente uma contagem pública de votos e uma votação auditavel", disse.
Além das críticas, Bolsonaro declarou que o Brasil enfrenta quatro problemas, mas disse que só falaria de três deles. Entre eles estariam a seca histórica, que afeta o nível dos reservatórios e a geração de energia, a pandemia do coronavírus e as geadas, que prejudicam a produção agrícola.
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