Bolsonaro volta a falar em voto impresso e ataca STF: 'Recorrer a eles?'
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a acusar, com declarações infundadas, a confiabilidade das urnas eletrônicas e a defender a necessidade de se ter voto impresso nas eleições de 2022 para que o pleito seja confiável.
"Queremos uma farsa no ano que vem? Ou uma eleição marcada por suspeição? 'Ah, quem perder entra na Justiça'. Quem vai analisar o recurso em última instância? Justo aqueles que tiraram o cara da cadeia?", declarou Bolsonaro em evento em Brasília.
A fala de Bolsonaro foi uma crítica ao STF (Supremo Tribunal Federal), que, em 2019, após vetar prisões em condenações em segunda instância, possibilitou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fosse solto. "Vou recorrer a eles?", concluiu o presidente.
"Nós temos que ter eleições limpas, democráticas, que possam ser auditadas. Alguém tem dúvida que outros países têm interesse no Brasil, essa grande fazenda?", afirmou Bolsonaro em outro momento, insinuando, sem citar nomes, a existência de influências estrangeiras no país.
Em seguida, após comparar o futuro do Brasil com o contexto de crise econômica e cerco político na Venezuela, Bolsonaro disse que "a bola da vez, brevemente, seremos nós".
"Nós temos que abaixar a cabeça? Estão com medo de quê? Qual o poder do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para ir dentro do parlamento (Congresso) e, rapidamente, fazer a cabeça de várias lideranças partidárias para mudar integrantes de comissão?", questionou.
Ao questionar o poder do presidente do TSE, Luis Roberto Barroso, Bolsonaro mirou na presença do também ministro do STF em uma comissão montada para se debater o voto impresso, em junho. Na ocasião, o magistrado foi convidado pelos deputados para debater o tema.
Mais cedo, em entrevista para a rádio ABC, do Rio Grande do Sul, Bolsonaro já havia acusado, sem provas, Barroso de querer uma eleição manipulada em 2022.
Já ontem, o presidente apareceu, por vídeo, em protestos a favor do voto impresso. Na ocasião, Bolsonaro ameaçou o transcorrer democrático das eleições do ano que vem, caso não ocorram mudanças no processo eleitoral.
Na semana passada, em live, Bolsonaro reciclou mentiras para atacar a confiabilidade do voto eletrônico, em meio ao avanço investigativo da CPI da Covid, a reprovação recorde do governo e pesquisas de intenção de voto para 2022 favoráveis ao ex-presidente Lula.
Ao final da live, Bolsonaro não apresentou nenhuma prova para as denúncias apresentadas. Nunca houve fraude comprovada nas urnas eletrônicas desde que elas foram adotadas ainda parcialmente, em 1996.
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