Topo

Esse conteúdo é antigo

'Zombar da morte é desumano', diz Garcia após fala de Bolsonaro sobre Covas

O vice-governador de São Paulo durante visita a Bruno Covas no hospital, em maio de 2021 - Reprodução/Instagram/BrunoCovas
O vice-governador de São Paulo durante visita a Bruno Covas no hospital, em maio de 2021 Imagem: Reprodução/Instagram/BrunoCovas

Do UOL, em São Paulo

03/08/2021 07h49

O vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), disse que "zombar da morte e da dor de qualquer pessoa é desumano e cruel", depois que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se referiu ao ex-prefeito de São Paulo Bruno Covas (PSDB), que morreu em maio deste ano em decorrência de um câncer, como "o outro que morreu".

"A luta que o Bruno Covas travou contra o câncer é um exemplo para todos nós. Zombar da morte e da dor de qualquer pessoa é desumano e cruel", escreveu Garcia nas redes sociais.

Ontem, durante conversa com apoiadores, Bolsonaro voltou a criticar as medidas adotadas por prefeitos e governadores para conter a covid-19, e se referiu a Covas como "o outro que morreu".

"Um fecha São Paulo e vai para Miami. O outro, que morreu, fecha São Paulo e vai ver Palmeiras e Santos no Maracanã. Esse é o exemplo", disse o mandatário, em vídeo.

Em janeiro deste ano, Covas foi ao estádio na final da Copa Libertadores, ao lado do filho Tomás. Na época, ele se justificou pelas redes sociais, dizendo que era um sonho dele e do filho.

"Depois de tantas incertezas sobre a vida, a felicidade de levar o filho ao estádio tomou uma proporção diferente para mim. Ir ao jogo é direito meu (...) Quando decidi ir ao jogo tinha ciência que sofreria críticas. Mas se esse é o preço a pagar para passar algumas horas inesquecíveis com meu filho, pago com a consciência tranquila", disse o tucano, no Instagram, na ocasião.

A fala de Bolsonaro também gerou críticas do PSDB e do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). "A desumanidade de Bolsonaro, agredindo de forma covarde Bruno Covas, só demonstra ainda mais sua falta de respeito pelos vivos e pela memória dos mortos", escreveu ele no Twitter.

O PSDB condenou a declaração em nota. "Bolsonaro demonstra desespero e medo do próximo ano, por isso desfere ataques, inclusive, aos que não podem se defender", diz o comunicado, assinado pelo presidente do diretório paulistano da legenda, Fernando Alfredo.

Já o vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que Bolsonaro "não é digno da cadeira que ocupa" e manifestou solidariedade à família de Bruno Covas.

Em mensagem enviada à coluna de Mônica Bergamo, no jornal Folha de S.Paulo, Tomás Covas classificou a fala de Bolsonaro sobre o pai de "covarde".

"Uma tristeza as agressões vazias do presidente contra meu pai. Não é certo atacar quem não está mais aqui para se defender. Meu pai sempre foi um homem sério e fez questão de me levar ao Maracanã no fim da sua vida para curtirmos seus últimos momentos juntos. Isso é amor! Bolsonaro nunca entenderá esse sentimento", disse o filho único de Covas.