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Temer: "Se cada um ficasse no quadrado constitucional, Brasil seria outro"

O ex-presidente Michel Temer (MDB), em foto de junho do ano passado - Amilcar Orfali/Getty Images
O ex-presidente Michel Temer (MDB), em foto de junho do ano passado Imagem: Amilcar Orfali/Getty Images

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

06/08/2021 17h19

O ex-presidente Michel Temer (MDB) disse hoje que o Brasil "não tem paz" e voltou a fazer críticas ao sistema político atual. Em defesa do modelo semipresidencialista, ele disse que as instituições deveriam ficar no seu "quadrado constitucional".

Em debate sobre democracia e governabilidade, no Insper, em São Paulo, com o também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Temer, que assumiu a presidência em 2016 após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), disse ainda que processos e pedidos de impedimento do presidente geram "instabilidade".

Nós não temos paz no nosso país. E a inexistência da paz gera uma instabilidade muito grande. Não quer isso significar que os vários setores da sociedade não possam contestar-se entre si. Mas é preciso cumprir o texto constitucional. Se cada um ficasse no seu quadrado constitucional, acho que o Brasil seria outro."
Michel Temer, ex-presidente da República

Temer assumiu a presidência em agosto de 2016, após o impeachment de Dilma. Seu partido, MDB, foi um dos principais articuladores do processo e, ainda como presidente em exercício, foi alvo de pedidos de impeachment —que não avançaram.

Nos últimos anos, no entanto, ele tem assumido uma campanha pública a favor do semipresidencialismo, que divide o poder entre o presidente, chefe de Estado eleito pelo voto popular, e o primeiro-ministro, chefe de governo eleito indiretamente por meio de um acordo com o Congresso.

Hoje, Temer não citou nomes, mas a fala se dá em meio a uma série de ofensas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao STF (Supremo Tribunal Federal) e especificamente ao ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), também presente no evento.

"Nós não temos paz no nosso país. E a inexistência da paz gera uma instabilidade muito grande. Isto foge ao que diz a nossa Constituição", declarou Temer.

Sem críticas diretas

Mesmo questionados pela imprensa, tanto Temer quanto FHC evitaram fazer críticas diretas a Bolsonaro. O ex-presidente tucano brincou que não falaria do atual presidente porque "também não gosta de ser criticado".

Com a presença de três ministros do STF na plateia (além de Barroso, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes estão no local), Temer pregou ainda uma "harmonia entre os poderes".

"A Constituição diz que os poderes são independentes, mas harmônicos entre si. Quando há desarmonia, o que há é inconstitucionalidade", criticou o ex-presidente, sem fazer referência direta a Bolsonaro.

Temer disse ainda que não só os impeachment realizados no Brasil, como os pedidos de impeachment "também causam instabilidade, interna e internacional".