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Em novo ataque, Bolsonaro sobe o tom e chama Barroso de 'filho da p...'

Do UOL, em São Paulo

06/08/2021 16h24Atualizada em 06/08/2021 18h58

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) subiu o tom ao voltar a atacar o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luís Roberto Barroso, a quem chamou de "filho da p...". O xingamento foi gravado, e o trecho do vídeo já circula nas redes sociais.

"Aquele filho da p... ainda faz isso. Aquele filho da p... do Barroso", disse o presidente em meio a uma aglomeração de apoiadores de Joinville (SC), onde cumpre agenda hoje. No vídeo, é possível ver que a maioria das pessoas — incluindo Bolsonaro — ou não está de máscara, ou a usa de maneira errada.

O UOL entrou em contato com as assessorias de imprensa do TSE e do STF (Supremo Tribunal Federal) e aguarda posicionamento.

Barroso tem sido um dos principais alvos dos ataques de Bolsonaro, que se intensificaram nas últimas semanas em meio à discussão em torno do "voto impresso auditável".

O presidente defende a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 135/19, de autoria da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), que quer adotar uma espécie de comprovante a ser impresso após votação na urna eletrônica.

Ontem, a proposta foi derrotada por 23 votos a 11 na comissão especial da Câmara que analisa a matéria. Mesmo assim, a PEC ainda pode ser levada para discussão no plenário, segundo afirmou ontem o presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL).

Ataques também em discurso

Também em Joinville, Bolsonaro repetiu o que disse na live de ontem e acusou Barroso de defender a redução da maioridade para estupro de vulnerável.

"Não ofendi nenhum ministro do Supremo, apenas falei da ficha do senhor Barroso. Defensor do terrorista [Cesare] Battisti, favorável ao aborto, à liberação das drogas, à redução da idade para estupro de vulnerável. Ele quer que nossas filhas e netas, com 12 anos, tenham relações sexuais. Por ele, sem problema nenhum", declarou.

O Supremo já desmentiu a afirmação. Em um caso julgado em março de 2017, o ministro se posicionou a favor da manutenção da ação penal contra um jovem de 18 anos que teve relações sexuais com uma adolescente de 13 anos.

À época, Barroso foi redator da decisão para dar continuidade à ação penal contra o rapaz. No voto, ele afirmou que, mesmo que os autos trouxessem "elementos de consentimento da suposta vítima, o fato de ela ser menor de 14 anos justificava a continuidade do processo, em nome da proteção da infância e da adolescência".

Fux cancela reunião

Os xingamentos de Bolsonaro vêm um dia depois de o presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, anunciar o cancelamento de uma reunião entre os chefes dos três Poderes combinada ainda em meados de julho, como uma resposta aos reiterados ataques de Bolsonaro à Corte e, em especial, aos ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.

"Sua Excelência [Bolsonaro] mantém a divulgação de interpretações equivocadas de decisões do plenário, bem como insiste colocar sob suspeição a higidez do processo eleitoral brasileiro. Diante dessas circunstâncias, o STF informa que está cancelada a reunião outrora anunciada entre chefes de Poderes, entre eles o presidente da República", disse Fux ontem. (Veja no vídeo abaixo)

Pouco antes, Bolsonaro havia criticado Moraes, dizendo que "a hora dele vai chegar" — uma reação à decisão do ministro de acolher uma notícia-crime do TSE e determinar a inclusão do presidente no inquérito das fake news, que investiga o financiamento e a disseminação de notícias falsas.

O presidente da República tem reiterado ofensas e ataques de inverdades a integrantes desta Corte, em especial os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Quando se atinge um dos integrantes, se atinge a Corte por inteira. (...) Diálogo eficiente [entre Poderes] pressupõe compromisso permanente com as próprias palavras, o que infelizmente não temos visto no cenário atual.
Luiz Fux, presidente do STF