Em post, Bolsonaro convida Fux, Barroso e Lira para desfile de blindados
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usou as redes sociais para convidar autoridades para o desfile militar que acontecerá amanhã na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Entre os convidados estão o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luiz Fux, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luís Roberto Barroso, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Mesmo que não nominalmente, o chefe do Executivo estendeu o convite aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), do TCU (Tribunal de Contas da União), ministra Ana Arraes, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ministro Humberto Martins, e do TST (Tribunal Superior do Trabalho), ministra Maria Cristina Peduzzi. Também convidou deputados e senadores, dizendo que se "honraria" com a presença de cada um deles.
"Sr. Presidente do ... STF, Câmara Federal, Senado, TCU, TSE, STJ, TST, Deputados, Senadores... : Como ocorre desde 1988, a nossa Marinha realiza exercícios em Formosa/GO. Como a tropa vem do Rio, Brasília é passagem obrigatória. Muito me honraria sua presença amanhã na Presidência (08h30), onde receberei os cumprimentos da Força e lhes desejarei boa sorte na missão", escreveu Bolsonaro. Ele assinou o post como "Chefe Supremo das Forças Armadas".
Ao UOL, a assessoria de imprensa de Luiz Fux informou que o ministro não comparecerá ao evento, alegando que o presidente do STF não está em Brasília, mas no Rio de Janeiro.
Alvo de frequentes ataques de Bolsonaro, Barroso também foi convidado (não nominalmente). Recentemente, o presidente da República chamou o presidente do TSE de "filha da p***".
Desfile gera incômodo entre parlamentares
Marcado para acontecer no mesmo dia em que o projeto que visa implementar o voto impresso no Brasil irá para votação no plenário da Câmara dos Deputados, o desfile gerou incômodo entre parlamentares, que foram à Justiça para impedir a realização do evento.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e a deputada federal Tabata Amaral (sem partido) impetraram uma ação popular para tentar impedir o ato. Além disso, o PSOL também entrou com um mandado de segurança com o mesmo objetivo.
Nas redes sociais, o senador e vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que colocar tanques nas ruas é uma "demonstração de covardia" de Bolsonaro. O ex-presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, comparou o ato do político brasileiro ao do ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori, e ressaltou que, no caso do peruano, ele acabou preso. Já o vice-presidente da Casa, Marcelo Ramos (PL-AM) disse que o evento não causa medo nos parlamentares e afirmou que votará contra o projeto defendido pelo governo.
Em nota divulgada à imprensa, a Marinha tentou minimizar o desgaste gerado com outras Forças e também no meio político, e afirmou que o ato "simbólico" não tem relação com o projeto do voto impresso.
Atrito com o STF
Na semana passada, Luiz Fux cancelou uma reunião entre os chefes dos três poderes anunciada no mês passado, após os ataques feitos por Jair Bolsonaro ao judiciário, mais precisamente aos ministros do STF, sobretudo Luís Roberto Barroso, que também preside o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que acabou se tornando o alvo principal das críticas do mandatário e seus apoiadores, e Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito das fake news, que envolve diretamente o governo.
"Sua Excelência [Bolsonaro] mantém a divulgação de interpretações equivocadas de decisões do plenário, bem como insiste colocar sob suspeição a higidez do processo eleitoral brasileiro. Diante dessas circunstâncias, o STF informa que está cancelada a reunião outrora anunciada entre chefes de Poderes, entre eles o presidente da República", disse Fux em nota emitida à imprensa ao cancelar o evento.
"O presidente da República tem reiterado ofensas e ataques de inverdades a integrantes desta Corte, em especial os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Quando se atinge um dos integrantes, se atinge a Corte por inteira. (...) Diálogo eficiente [entre Poderes] pressupõe compromisso permanente com as próprias palavras, o que infelizmente não temos visto no cenário atual", destacou.
Bolsonaro também fez ameaças ao ministro Alexandre de Moraes e disse que "a hora" dele vai chegar.
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