Maia diz que Bolsonaro é covarde: 'Ataca o Barroso e não o Moraes'
O deputado federal Rodrigo Maia chamou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de "covarde" pelos ataques feitos ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, e por não ter a mesma ou pouca coragem para atacar o também ministro do STF Alexandre de Moraes, relator de inquéritos que envolvem o governo.
Em entrevista à CNN Brasil, o ex-presidente da Câmara dos Deputados disse que a intenção de Bolsonaro é enfraquecer e contestar a legitimidade do TSE. Ainda segundo o parlamentar, o mandatário tem tentado alcançar seu objetivo "de forma muito covarde".
"[Bolsonaro] ataca o ministro Barroso e tem pouca coragem de atacar o ministro Moraes. [Isso] prova uma covardia dele, porque sabe que o ministro que relata os inquéritos das fake news, atos antidemocráticos, é o ministro Alexandre de Moraes... mostra que ele não é tão corajoso. É covarde e, no fundo, quer gerar uma instabilidade pra que alguém ataque ele com mais força, que seja no judiciário, no Congresso, pra ele tentar dar um contragolpe", declarou.
O parlamentar disse também não ver possibilidade de que aliados do governo, como o atual presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) e o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), consigam construir um texto intermediário para tentar aprovar o projeto do voto impresso que vai para votação no plenário da Casa amanhã.
"É preciso conhecer o regimento da casa... não acredito que existam emendas que ele possa fazer um substitutivo global pra fazer um texto intermediário, acho bem difícil, muito improvável", pontuou.
Em relação ao passeio que acontecerá amanhã de manhã, com tanques e blindados desfilando na Esplanada dos Ministérios, com a presença de Jair Bolsonaro, e do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, no mesmo dia em que acontecerá a votação do projeto do voto impresso em substituição às urnas eletrônicas, Rodrigo Maia fez uma comparação com o ex-presidente peruano, Alberto Fujimori, que também tentou demonstrar força com desfile de tanques, e acabou preso.
"Eu lembro Fujimori. Ele fez um passeio com tanques e como terminou ele? Na cadeia. Então é bom que o presidente da República entenda que há limite na Constituição e naquilo que ele pode e deve fazer. Espero que as próprias Forças Armadas consigam recuar dessa decisão absurda de ameaçar o parlamento no dia da votação do voto impresso", completou.
A tentativa de mudar o sistema de voto no país tem sido uma das principais bandeiras do presidente Jair Bolsonaro nas últimas semanas, o que o colocou em conflito direto com o TSE.
Em declarações recentes, Bolsonaro fez ataques ao presidente do TSE e ministro do STF Luís Roberto Barroso, por se opor à mudança das urnas eletrônicas pelo papel impresso, e baixou o tom na semana passada ao chamar Barroso de "filha da p***". Em virtude das acusações, o presidente se tornou alvo de investigação por levantar suspeitas sem provas sobre as urnas eletrônicas e chegou a ameaçar o pleito de 2022.
Desde o ano passado, Jair Bolsonaro acusa o atual sistema de votação brasileiro de ser passível de manipulação, e diz ter provas de que houve fraude nos dois últimos pleitos para presidente da República, embora na semana passada ele tenha admitido, em live, que não tem provas para sustentar suas acusações.
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