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Sem vencidos, proposta obscurantista: as frases sobre PEC do voto impresso

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Imagem: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/08/2021 23h22Atualizada em 10/08/2021 23h22

Com a presença de 449 deputados, a PEC do Voto Impresso foi rejeitada pela Câmara dos Deputados hoje, por 229 a favor, 218 contra e uma abstenção. Eram necessários 308 votos para que a discussão avançasse.

Houve extensos debates, com críticas da oposição e de alguns partidos de centro, enquanto governistas tentavam convencer os indecisos a votar favoravelmente à adoção do voto impresso. Confira abaixo algumas das frases mais marcantes da noite.

No início da sessão, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) fez um discurso contra o ato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) hoje, em Brasília, com tanques de guerra na Esplanada.

Eu quero acreditar que [o desfile] foi uma trágica coincidência, como disse o presidente [da Câmara, Arthur] Lira. Mas, sendo coincidência ou não, vamos dar aos deputados a chance de provar a força do Parlamento brasileiro, com tanque ou sem.
Marcelo Ramos (PL-AM), 1º-vice-presidente da Câmara

A deputada governista Caroline de Toni (PSL-SC) questionou o fato de a urna eletrônica sem comprovante ser utilizada no processo eleitoral em somente três países.

A Justiça Eleitoral, que deveria se resguardar ao simples fato de poder julgar conflitos, está intervindo no processo legislativo na Casa do povo brasileiro, para poder dizer que é infalível. Que o sistema eletrônico de primeira geração, só adotado pelo BBB --Brasil, Butão e Bangladesh--, é o melhor sistema que se pode ter em uma eleição.
Caroline de Toni (PSL-SC), deputada da base governista

A oposição questionou bastante as atitudes de Bolsonaro, criticando as "ameaças às liberdades democráticas". A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) foi uma das mais eloquentes sobre o assunto.

A extrema-direita, na história, sempre provoca, sempre tenta transformar o inaceitável em aceitável. E, mais uma vez, na Câmara dos Deputados, na Comissão Especial, mas sobretudo, nas falas criminosas de Jair Genocida Bolsonaro, nas ameaças às liberdades democráticas, na chantagem e na tentativa de atacar a possibilidade da realização ano que vem, tentam viabilizar uma proposta obscurantista.
Deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS)

Israel Batista, do PV, fez uma crítica e um alerta ao presidente da Câmara, Arthur Lira.

O governo está querendo esticar o discurso. O presidente Lira não pode brincar com isso, porque pode crescer e engolir o próprio Congresso.
Deputado Israel Batista (PV-DF)

O líder do PSL, deputado Vitor Hugo, pediu antes da votação que os parlamentassem "escutassem" os "milhões de brasileiros" que foram às ruas pedir a aprovação da PEC.

Milhões de brasileiros foram às ruas pedir que essa pauta seja aprovada aqui. Nós temos sentido nas conversas com diversos líderes, com muitos deputados, que o vento está mudando. Muitos estão ouvindo as pressões das ruas, das redes, e nós podemos ter uma surpresa nessa votação. Ao longo do dia de hoje, conversei com vários líderes de partidos grandes que disseram que iam votar a favor.
Deputado Vitor Hugo (PSL-GO)

Lira, insistiu na fala de que, no tema da PEC do voto impresso, não devem haver vencedores ou vencidos, adotando um tom conciliador após uma fala de Kim Kataguiri (Democratas).

Neste momento, a Câmara dos Deputados tenta votar o voto impresso auditável, e um grupo de deputados traidores não quer deixar que o plenário vote neste momento e, portanto, está votando contra a orientação que a PEC vá a plenário em votação. Os que tanto pressionaram para que a gente deliberasse em plenário a votação da PEC agora estão contra vendo a derrota que o presidente da República vai sofrer em plenário.
Deputado Kim Kataguiri (DEM-SP)

Eu faço um apelo. Esse tema não há de se ter vencedores e vencidos. Faço apelo com muita sensibilidade para que, nesta Casa, a gente tenha um debate de alto nível, para que a gente vá até o final, cada um defendendo seus pontos de vista, seus partidos, o que pensa a consciência política de cada um.
Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara