Topo

Esse conteúdo é antigo

'CPI acha que todos são bandidos', afirma Ricardo Barros

Deputado Ricardo Barros (PP-PR) irritou senadores e fez com que a sessão da CPI da Covid fosse suspensa duas vezes - MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Deputado Ricardo Barros (PP-PR) irritou senadores e fez com que a sessão da CPI da Covid fosse suspensa duas vezes Imagem: MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

12/08/2021 15h06Atualizada em 12/08/2021 15h39

O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) declarou hoje durante o intervalo do seu depoimento à CPI da Covid que a comissão considera todos como "bandidos". O líder do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara voltou a negar que tenha se envolvido nas negociações de compra da vacina indiana Covaxin.

Para Barros, há uma narrativa construída pela Comissão Parlamentar de Inquérito contra a gestão federal. No entanto, o parlamentar disse que tem sido alvo de "ataques" e garantiu que pretende estabelecer "a verdade" sobre o que, de fato, o governo Bolsonaro fez para impedir o avanço da pandemia no país.

A CGU já foi acionada, chegou a conclusão de que n há superfaturamento na Covaxin. Eu não tenho nada a ver com a Covaxin, não tenho procuração para defender, mas o governo fez a sua parte, comprou Pfizer e pagou adiantado e a narrativa precisa ser mais equilibrada. Eu entendo a ânsia de imputar culpa no governo. Eu sou o líder do governo e estou sendo muito atacado
Ricardo Barros

As declarações de Barros foram transmitidas pela GloboNews, por volta das 14h45.

A sessão da CPI foi interrompida pelo presidente Omar Aziz (PSD-AM) após Barros irritar senadores ao dizer que seria culpa do colegiado os vendedores de vacinas estarem se afastando do Brasil. A retomada das atividades na sessão que investiga ações e omissões do governo federal no combate ao coronavírus estava prevista para ocorrer às 15h.

"O mundo inteiro quer comprar vacina, e espero que essa CPI traga bons resultados ao Brasil. Porque o negativo já produziu muito: afastou empresas interessadas em vender vacina ao Brasil", disse o deputado durante a sessão.

Convocação

A convocação de Barros para a CPI foi sugerida pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). O requerimento afirma que o líder do governo Bolsonaro na Câmara foi "mencionado pelo próprio presidente da República no cometimento de potenciais ilícitos".

O nome do líder surgiu em meio às investigações por intermédio dos irmãos Luis Miranda, deputado federal pelo DEM-DF, e Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde.

Barros teria sido mencionado por Bolsonaro como possível articulador de esquema que visava atropelar procedimentos burocráticos e acelerar a importação do imunizante indiano Covaxin.

Em junho, o líder do governo na Câmara negou ter participado da compra das vacinas da Covaxin, alvo de um inquérito na Polícia Federal e de uma investigação no Ministério Público.

Barros pretende "esclarecer ilações e mentiras"

Ontem, ao UOL, Barros declarou que estava "tranquilo" sobre o depoimento, e que irá prestar "esclarecimentos sobre ilações e mentiras".

O parlamentar não detalhou quais seriam as suspeitas infundadas que citou, mas voltou a afirmar que a "imunidade de rebanho", de fato, poderia ser atingida se 60% da população contraísse a covid-19.

"A ciência diz que se 60% se contamina, a tendência é que o vírus perde o ambiente de propagação", disse.

Para o deputado, a "imunidade de rebanho", defendida inclusive por Bolsonaro, não aconteceu porque não houve contaminação e nem vacinação de 60% da população.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.