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Tebet diz que Barros protagonizou 'cena mais grotesca' da CPI

Do UOL, em São Paulo*

12/08/2021 13h58Atualizada em 12/08/2021 14h19

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) disse hoje, em entrevista à GloboNews, que deu um "grito de indignação" durante a CPI da Covid porque o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), protagonizou "a cena mais grotesca" da comissão até o momento.

A sessão de hoje foi suspensa depois do depoente Barros ter afirmado que produtores de vacina se afastaram do país por causa da atuação da CPI. A afirmação causou revolta entre senadores, que reagiram à afirmação do deputado lembrando que a comissão tem pouco mais de 90 dias de atuação e o governo federal deixou de assinar contratos de compras de vacina com empresas grandes, como a Pfizer, ainda no ano passado.

"Se [a frase] foi pensada, foi uma estratégia equivocada. Só fez com que nós tivéssemos que reagir duramente. Talvez a cena mais grotesca da CPI", disse a senadora.

"Eu acho que foi um dos momentos de maior indignação. O líder do governo respondendo a uma fala do presidente [da CPI, Omar] Aziz dizendo isso. Minha reação foi automática. Vamos lembrar: a CPI foi criada para investigar as ações do governo", completou.

Na avaliação de Tebet, a frase de Ricardo Barros não foi pensada com antecedência, mas caso tenha feito parte da estratégia foi "um tiro pela culatra". A sessão será retomada às 15h de hoje.

"A estratégia do governo de desmoralizar a CPI eu já esperava. Mas ele ali, impressão minha, que ele soltou sem querer [a frase sobre a vacina]. Ele deve ter pensado que o tiro saiu pela culatra. Houve interrupção no momento mais importante para ele", disse.

Barros é acusado de envolvimento na pressão para que o Ministério da Saúde assinasse o contrato com para compra da vacina indiana Covaxin. De acordo com o deputado Luís Miranda (DEM-DF), que fez a denúncia sobre os problemas na compra da vacina, ao contar ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o assunto, teria ouvido que era um esquema de Barros.

O líder do governo afirmou que foi um mal-entendido, e que Bolsonaro teria apenas perguntado se ele estaria envolvido ao ver sua foto em uma reportagem sobre o caso da empresa Global —proprietária da Precisa, então representante da Covaxin no Brasil— em que Barros é investigado.

Barros negou qualquer envolvimento com o caso da Covaxin e alegou nunca ter tratado do tema com ninguém no Ministério da Saúde.

Discussão

A discussão na sessão de hoje da CPI teve início quando Barros disse que a comissão estaria afastando do Brasil empresas que vendem vacinas contra o novo coronavírus.

"Quero lembrar aos senhores senadores que o mundo inteiro quer comprar vacinas, e espero que essa CPI traga bons resultados para o Brasil, que produza um efeito positivo para o Brasil. Porque o negativo já produziu muito: afastou muitas empresas interessadas em vender vacina ao Brasil", declarou Barros.

A primeira a reagir à fala de Barros foi a senadora Simone Tebet (MDB-MS): "Isso não é verdade". Em seguida, ela foi acompanhada por diversos senadores independentes e de oposição.

Omar Aziz disse que "afastamos as vacinas que vocês do governo queriam tirar proveito, rapaz". O bate-boca continuou e, diante da falta de diálogo e da irritação da maioria dos senadores, Aziz decidiu suspender a sessão.

*Com informações da Reuters.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.