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Randolfe rebate Barros: 'Se a CPI atrapalhou algo, foram os esquemas'

"CPI atrapalhou um golpe que seria dado pela Precisa [no caso Covaxin]", defendeu Randolfe Rodrigues - Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo
"CPI atrapalhou um golpe que seria dado pela Precisa [no caso Covaxin]", defendeu Randolfe Rodrigues Imagem: Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

12/08/2021 15h21Atualizada em 12/08/2021 15h51

Vice-presidente da CPI da Covid, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) rebateu hoje as falas do líder do governo na Câmara, deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), que acusou a comissão de "afastar" do Brasil empresas que vendem vacinas contra a covid-19. Para Randolfe, porém, os trabalhos da CPI apenas evitaram um "golpe" nas negociações pela vacina Covaxin e atrapalharam "esquemas" de corrupção.

"O deputado Ricardo Barros tem razão em uma coisa: a CPI atrapalhou! A CPI atrapalhou um golpe de US$ 45 milhões que seria dado pela Precisa [Medicamentos] e pela sua intermediária. A CPI atrapalhou os negócios da Davati [Medical Supply] e da World Brands", escreveu o senador em uma rede social.

"A CPI impediu que alguns enriquecessem mais ainda às custas da vida do povo brasileiro. Se a CPI atrapalhou algo, foram os esquemas que estavam em curso no governo [Jair] Bolsonaro. Quanto à vacinação, após a CPI, ela foi ampliada", acrescentou.

Vidas foram salvas e, no que depender de nós, continuarão sendo salvas. Mas não esqueceremos das mais de 566 mil vidas que foram ceifadas graças a esses esquemas e a irresponsabilidades de agentes públicos que deveriam estar cuidando do país!
Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI

Barros depôs hoje à CPI da Covid como convidado. Em junho, também à comissão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) disse ter denunciado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) uma suposta pressão no Ministério da Saúde para importação da Covaxin, e Bolsonaro, segundo Miranda, teria atribuído o caso a seu líder na Câmara.

Barros nega qualquer envolvimento no caso. Bolsonaro, em contrapartida, nunca desmentiu ter citado o nome do deputado na conversa com Miranda.

Após Barros acusar a CPI de atrapalhar as tratativas por vacinas, houve bate-boca entre o deputado e senadores e a sessão foi suspensa. A oitiva foi retomada por volta das 15h, mas logo encerrada novamente, depois que o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), decidiu transformar o convite de Barros em convocação — o que torna obrigatório seu comparecimento.

Relembre o caso Covaxin

Irmãos Miranda - Jefferson Rudy/Agência Senado - Jefferson Rudy/Agência Senado
Luis Ricardo Miranda e seu irmão, deputado Luis Miranda (DEM-DF), em depoimento à CPI da Covid
Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

A suposta pressão pela importação da Covaxin foi revelada pelo servidor Luis Ricardo Miranda, irmão do deputado Luis Miranda, que atua na área técnica do Ministério da Saúde responsável por autorizar ou não pedidos de importação.

Após essa suposta pressão para dar celeridade à aprovação para chegada da Covaxin ao país, o funcionário teria se recusado a agir desta forma e disse que sua equipe havia identificado falhas de documentação e inconsistências no acordo firmado com o laboratório indiano Bharat Biotech e a sua intermediária no Brasil, a Precisa Medicamentos.

Ao lado do irmão, Luis Miranda relatou à CPI as supostas reações de Bolsonaro após tomar conhecimento da denúncia em conversa no Palácio da Alvorada. Na versão do deputado, o presidente reconheceu a gravidade dos fatos e comunicou que repassaria o assunto à Polícia Federal — o que nunca aconteceu.

O ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, chegou a tentar rebater as acusações dos irmãos Miranda, mas há suspeitas de senadores de que, para tanto, tenha utilizado documento falso. Onyx e Luis Miranda deverão comparecer a uma acareação na CPI na próxima quarta (18).

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.