Pacheco pede nova reunião com Bolsonaro, e Fux diz que vai 'reavaliar'
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, afirmou hoje ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que vai "reavaliar" a possibilidade de uma reunião entre os representantes dos Poderes da República. O pedido para que haja o encontro foi feito por Pacheco, que reuniu-se com Fux no início da tarde.
O encontro já foi cancelado duas vezes, a última delas por iniciativa de Fux: devido aos ataques do presidente Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral e a ministros do STF, o presidente da Corte anunciou no dia 5 de agosto que não receberia Bolsonaro. Inicialmente prevista para meados de julho, a reunião havia sido adiada após Bolsonaro ser internado em São Paulo para tratar de uma obstrução intestinal.
"Apesar do cancelamento da reunião, o diálogo com os Poderes nunca foi interrompido", disse Fux hoje, antes da sessão plenária do STF e logo após a conversa com Pacheco. "Sem prejuízo, em relação a uma nova reunião, a questão será reavaliada", complementou.
Pacheco disse que trabalha por uma nova reunião entre representantes do Judiciário, Legislativo e Executivo, mas, sem citar nomes, manifestou preocupação com o que chamou de "extremismo" e "radicalismo".
Concordamos que o radicalismo e o extremismo são muito ruins para o Brasil e capazes de derrotar a democracia. Precisamos evitar o radicalismo e darmos lugar ao diálogo que busca pacificar e unir
Rodrigo Pacheco, presidente do Senado
A declaração de Pacheco ocorre em meio a um ambiente que ficou ainda mais tenso em Brasília desde que o Bolsonaro disse que iria pedir ao Senado o impeachment dos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do STF.
Recentemente, Bolsonaro também fez ameaças às eleições de 2022, dizendo que elas poderiam não ocorrer caso o voto impresso não fosse aprovado pela Câmara dos Deputados. Além disso, o chefe do Executivo tem falado de forma recorrente sobre ruptura, negando a intenção, mas mantendo um discurso agressivo.
Na entrevista concedida na saída do encontro com Fux, o senador destacou que a democracia "não pode ser aviltada e questionada como está sendo recentemente no país", e reforçou a necessidade de diálogo para a solução da crise institucional vivida atualmente, em especial entre o Executivo e o Judiciário.
"Fiz um pedido para o Fux para que possamos restabelecer esse diálogo com o Poder Executivo. Havíamos estabelecido a possibilidade de uma reunião entres os poderes e é importante que seja restabelecido esse contato, sobretudo entre os presidente do STF e da República, em busca de consenso, sabedores que divergências devem se respeitadas", disse.
Fux cancelou no início do mês uma reunião que estava marcada entre os chefes dos Poderes, citando como razão os ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro a magistrados do Supremo.
Segundo Pacheco, Fux aceitou voltar a marcar o encontro e não estabeleceu qualquer condição, mas não ficou definida qualquer data para a reunião. Em declaração antes do início da sessão no STF, Fux disse que avalia a possibilidade.
"Gostaria de destacar aos pares, que apesar do cancelamento da reunião, o diálogo com poderes nunca foi interrompido. Como presidente do STF, sigo dialogando com representantes de todos Poderes, sem prejuízo. Em relação a nova reunião, a questão será reavaliada", disse.
Pedido de impeachment
O presidente do Senado disse ainda que não foi mencionado no encontro com Fux o tema dos pedidos de impeachment anunciados por Bolsonaro contra os ministros Barroso e Moraes. Segundo ele, processos de impeachment são recursos graves e precisam de "filtro muito severo" para não serem banalizados.
"Impeachment não pode ser banalizado. É um instituto grave, excepcional e que só é aplicado em casos específicos em um rol taxativo de situações previstas pela lei. É preciso um filtro muito severo", disse.
Pacheco disse ser contrário à utilização do impeachment para "solução de problema que não se encontra através disso". Os pedidos de impeachment de ministros do STF são analisados pelo Senado.
*Com informações da agência Reuters.
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