Em recado a Bolsonaro, Pacheco diz que pedir impeachment não pacifica país
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse hoje que a rejeição do pedido de impeachment do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes foi também para restabelecer as boas relações entre os Poderes.
Sem citar o nome do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Pacheco mandou seu recado, após explicar que faltaram fundamentos jurídicos ao documento apresentado pelo presidente da República contra o ministro Moraes.
O presidente do Senado afirmou que um pedido de impeachment não contribui para pacificar o país e fortalecer a relação dos três Poderes, em busca de melhorias para a população.
"Quero crer que essa decisão [...] possa constituir um marco de restabelecimento das relações entre os Poderes, da pacificação e da união nacional que tanto reclamamos, que tanto pedimos, porque é fundamental para o bem-estar da população brasileira e a possibilidade de progresso e de ordem do nosso país", afirmou ele em pronunciamento após decidir arquivar o pedido.
Pacheco disse que o documento foi encaminhado à Advocacia-Geral do Senado, que considerou que os fatos listados por Bolsonaro não constituiriam justa causa para o afastamento de Moraes, de acordo com o previsto na lei. O parlamentar destacou, porém, que a decisão também foi política.
"Esse é o aspecto jurídico [...], mas há também um aspecto importante, que é o da preservação de algo fundamental ao Estado de direito e à democracia, a separação dos Poderes. A necessidade de que esta independência de cada um dos Poderes seja garantida e que haja convivência a mais harmoniosa possível entre esses Poderes", declarou.
Portanto, além do lado técnico e jurídico, a que estou adstrito e devo ser obediente porque cumpro a Constituição e a lei, há também o lado político, a oportunidade dada para restabelecer as boas relações entre os Poderes.
Apenas o presidente do Senado poderia dar início ao processo. Caso acolhesse o pedido de Bolsonaro, uma comissão com 21 senadores seria criada para analisar as acusações contra Moraes. Essa foi a primeira vez que um presidente da República pediu o afastamento de um ministro do STF.
Tensão entre os Poderes
Bolsonaro está no centro de uma crise institucional com o STF — em especial com os ministros Luís Roberto Barroso e Moraes.
O mandatário questiona Moraes pela condução do inquérito das fake news — em 4 de agosto, o ministro do STF acolheu o pedido feito pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e incluiu o presidente da República na investigação para apurar a disseminação de notícias falsas.
No documento encaminhado ao presidente do Senado (Clique aqui para ler), Bolsonaro argumenta que o "Judiciário brasileiro, com fundamento nos princípios constitucionais, tem ocupado um verdadeiro espaço político no cotidiano do País".
Na sequência, o presidente classifica o Judiciário como um "verdadeiro ator político" e afirma que, "justamente por isso, deve estar pronto para tolerar o escrutínio público e a crítica política, ainda que severa e dura".
Reunião com governadores
Durante o pronunciamento, Pacheco lembrou que esteve recentemente com o presidente do STF, Luiz Fux, e pediu a volta do diálogo institucional através de reuniões entre os Poderes e com os governadores.
Na segunda-feira (23), o Fórum de Governadores pediu uma audiência entre os chefes de Executivos estaduais e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco, do STF, Luiz Fux, e da República, Jair Bolsonaro.
Mais cedo, Pacheco confirmou a participação e a data, marcada para quinta-feira da semana que vem (2). Os demais convidados ainda não se pronunciaram.
De acordo com o blog da Carla Araújo, auxiliares de Bolsonaro dizem não ver "a mínima chance" que ele compareça ao encontro.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.