Gilmar Mendes diz que posar com arma e ameaçar não é liberdade de expressão
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes declarou hoje que posar usando armas e fazer ameaças contra as instituições não é liberdade de expressão.
O magistrado citou a prisão do presidente do PTB, Roberto Jefferson, que chegou a ameaçar o Supremo, e assinalou que "há limites" na democracia.
Há limites para a liberdade de expressão. Eu já disse, inclusive, a próceres do presidente da República [Jair Bolsonaro], que me trouxeram essa preocupação: 'olha é um exagero este caso da prisão do Roberto Jefferson', aquilo não se trata de liberdade de expressão
Gilmar Mendes
As declarações do ministro foram ditas em uma entrevista à GloboNews. Na visão do ministro, quem usa armas e faz ameaças dizendo que irá atirar "neste ou naquele", ou que irá receber um oficial de Justiça "a bala" não está usando a liberdade de expressão.
Os ataques ao STF e a tensão entre os três Poderes foram citados pelo magistrado ao longo da entrevista.
Gilmar afirmou ter dialogado com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a gestão ter desperdiçado "muita energia com debates pouco produtivos". Uma dessas pautas foi a do voto impresso.
"Para usar uma expressão que é muito comum e que o público usa, temos gastado muita vela com defunto ruim", afirmou Mendes.
Mendes classificou que, entre os Poderes, há um ambiente de "muito mexerico e fofocas" pela falta de diálogo.
"Acho fundamental que nós dialoguemos, estejamos com as portas abertas, inclusive para fazer esses esclarecimentos", defendeu, em entrevista à Globo.
Em meio à crise institucional no país, o ministro do STF reforçou a necessidade do diálogo e que os Poderes estejam de "portas abertas" para esclarecimentos.
De acordo com o ministro, ele disse a Bolsonaro que é preciso ter "canais diretos" para acabar com "teorias conspiratórias" que circulam entre as instituições.
Recondução de Aras à PGR
A recondução do procurador-geral da República, Augusto Aras foi entendida pelo ministro como o pensamento médio do tribunal.
"Ele [Aras] certamente tem enfrentado as condições mais conflitivas dos últimos anos, em função desse ambiente tumultuado, dessas turbulências as quais nós nos acostumamos a viver no Brasil nesses últimos anos", disse Gilmar.
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