Imagens de drones mostram manifestantes pró-Bolsonaro na avenida Paulista
Imagens áreas da Avenida Paulista feitas por drones do UOL mostram milhares de manifestante pró-governo em uma das principais vias da capital paulista. Com cartazes golpistas que pedem o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal), eles aguardam a chegada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que fará discurso para seus apoiadores.
Pouco antes das 15h, a reportagem do UOL percorreu a distância de cerca de 11 quadras, entre as ruas Haddock Lobo e a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, totalmente ocupadas pelo ato. A maior concentração de pessoas se dá em torno do carro de som. Foram posicionadas grades de segurança há alguns metros do carro de som, mantendo um espaço livre, sem presença de manifestantes. Seguranças e até agentes da PF (Polícia Federal) impedem que as pessoas ingressem nesta área.
O principal alvo dos manifestantes e do próprio Bolsonaro é o ministro do STF Alexandre de Moraes. Mais cedo, durante discurso em Brasília, o presidente fez ameaças golpistas contra a Suprema Corte do país ao mandar um recado ao presidente do STF, ministro Luiz Fux, ao dizer que ou ele "enquadra os seus, ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos". Segundo a colunista do UOL, Carolina Brígido, os ministros do Supremo viram ameaça na fala do mandatário.
Além de ataques a Moraes, os manifestantes também protestam contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A reportagem do UOL localizou um homem que atende pelo nome de Marcelo, que se recusou a falar o sobrenome, e pede a morte do petista "porque todo esquerdista tem que morrer".
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), também é um dos alvos dos manifestantes. Em um carro de som estacionado ao lado do Masp, pessoas discursava contra o tucano, e tocavam um jingle de ironia ao mandatário. "Calcinha apertada/ Ai, aí, aí". Ao redor, pessoas cantavam e dançavam.
Golpe está deflagrado, diz Villa
Em entrevista ao UOL News, o historiador e colunista do UOL, Marco Antonio Villa, disse que o golpe já foi deflagrado, mas graças aos ministros do STF a ditadura não foi implementada no Brasil.
"Nós já estamos no golpe de estado, é que as instituições ainda não acordaram, e se não fosse o STF nós já estaríamos numa ditadura. Temos uma dívida histórica com o STF", afirmou.
Também ao UOL News, o coordenador do MSTS (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro "está acuado, aposta no medo e na intimidação" para se manter no governo.
Para Boulos, as manifestações realizadas em várias cidades do país hoje "não estão fora do esperado" e Bolsonaro "jogou todas as suas fichas" nesses atos, sobretudo em um momento no qual a popularidade do presidente continua caindo, a inflação "explosiva", aumentos consecutivos nos preços da gasolina, botijão de gás, conta de luz, alimentos, além da "tragédia humanitária" provocada pela pandemia de coronavírus da qual, diz ele, o mandatário "é sócio".
"Bolsonaro dobra a aposta, essa tem sido a tática dele ao longo do governo. Esse 7 de Setembro também revela um Bolsonaro fragilizado, com 25% de aprovação na sociedade, uma inflação explosiva no Brasil, o preço da gasolina elevado, do botijão de gás, nos alimentos, sem capacidade de dar uma resposta para a crise econômica, e depois de uma tragédia humanitária, da qual ele é sócio, no enfrentamento a pandemia. Esse cenário fez o Bolsonaro ficar acuado", declarou.
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