Kennedy: Atos são relevantes, mas não o suficiente para matar democracia
O colunista do UOL, Kennedy Alencar, avaliou que as manifestações a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) realizadas hoje em várias cidades do país são "relevantes", mas não o suficiente para "matar a democracia" brasileira. Ainda, ele diz que o contingente mobilizado pró-governo é insuficiente para "emparedar as instituições".
"Os atos foram relevantes, mas ficaram aquém [do esperado] diante de toda a mobilização e da aposta que ele [Bolsonaro] fez. Ele achou que teria um ato com milhões de brasileiros, a gente viu um ato com milhares. São atos relevantes, mas não o suficiente para matar a democracia", avaliou o colunista no programa UOL News.
Segundo Kennedy Alencar, mesmo com o apoio de vários empresários e de pastores evangélicos que convocaram seus fiéis para marcarem presença nas manifestações de hoje, os atos "não foram tão fortes quanto" o mandatário imaginava.
Para ele, este 7 de setembro serviu para mostrar que o Bolsonaro ainda é capaz de mobilizar uma base de apoiadores fiéis, mas que não se configura uma maioria. Pelo contrário, trata-se de "uma minoria barulhenta e golpista", insuficiente para "emparedar as instituições".
Ainda, Alencar ponderou que o atual momento do país requer união entre os opositores do atual chefe do Executivo Federal em defesa de democracia, com mobilizações nas ruas para contrapor os atos golpistas pró-governo.
"A gente está em um momento no qual todos os opositores, os democratas, deveriam se unir politicamente para proteger a democracia e isolar o Bolsonaro. A oposição vai ter que ir às ruas", declarou.
Bolsonaro manterá confronto, diz Kennedy
Ao UOL News, Alencar disse que o discurso feito por Jair Bolsonaro hoje à tarde na Avenida Paulista, quando fez ataques diretos ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, se enquadra nos pré-requisitos dos crimes de responsabilidade, além de ter sido uma declaração "grave".
Mais cedo em Brasília, durante fala aos seus apoiadores, o mandatário já havia feito ameaças ao Supremo em um recado direto ao presidente da Corte, ministro Luiz Fux, ao dizer que ou o magistrado "enquadra os seus, ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos". Segundo a colunista do UOL, Carolina Brígido, os ministros do Supremo viram ameaça na fala do mandatário.
Para Kennedy Alencar, o presidente continuará mantendo essa postura de partir para o confronto, com discursos que aumentam a polarização e a radicalização de seus apoiadores, pois sabe que perderá e será preso.
"A gente pode esperar um Bolsonaro numa linha de confronto, de clima de guerra política, até as próximas eleições", disse, comparando a postura do presidente brasileiro a adotada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, após perder a disputa presidencial para o democrata Joe Biden, encorajou seus apoiadores a invadirem o Capitólio.
"[Bolsonaro] está repetindo o roteiro do Trump porque ele sabe que vai perder as eleições e será preso", completou.
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