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Indícios de rachadinhas podem gerar nova CPI no Congresso, diz Tebet

Simone Tebet durante sessão da CPI da Covid; senador vê possibilidade de novas comissões - Jefferson Rudy/Agência Senado
Simone Tebet durante sessão da CPI da Covid; senador vê possibilidade de novas comissões Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

08/09/2021 09h55

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) disse, em entrevista ao jornal Correio Braziliense, que enxerga a possibilidade de uma CPI das Rachadinhas diante de indícios de eventual crime de peculato (mau uso de dinheiro público) no círculo próximo ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Ao comentar sobre as ações que a CPI da Covid pode determinar para estancar a corrupção, Tebet disse que denúncias que não estão relacionadas à pandemia podem ser posteriormente analisadas em outras comissões pelo Congresso.

"Podemos estar diante também de novos esquemas de corrupção, não ligados à pandemia e relacionados a rachadinhas. Isso vai significar, provavelmente, que o Congresso abra outras CPIs, como a CPI da Rachadinha — pode envolver o senador (Flavio Bolsonaro, Republicanos-RJ) que manteria o esquema mesmo exercendo o atual cargo", disse Tebet.

Na última semana, Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, que diz ter trabalhado para família Bolsonaro por 14 anos, acusou a advogada Ana Cristina Valle, ex-esposa do presidente, de comandar o esquema de rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro e replicado no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro. A revelação foi feita em entrevista ao site Metropóles.

Além disso, em março deste ano, o UOL publicou a série de reportagens "Anatomia da rachadinha" depois de analisar 607.552 operações bancárias de 100 pessoas e empresas investigadas por envolvimento no esquema de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro, quando ele exerceu o cargo de deputado estadual na Alerj.

As operações bancárias eram resultantes da quebra de sigilo bancário decretada pela Justiça do Rio. A decisão foi posteriormente anulada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).

As transações mostraram que o então deputado federal Jair Bolsonaro empregou em seu gabinete por oito anos Andrea Siqueira Valle, a irmã de Ana Cristina Siqueira Valle. Um ano e dois meses depois que a irmã deixou de trabalhar para Jair, Ana Cristina ficou com todo o dinheiro acumulado da conta em que Andrea aparecia como titular e recebia o salário: saldo de R$ 54 mil — quantia equivalente a R$ 110 mil, em valores de hoje.

Em julho, reportagem da colunista do UOL Juliana dal Piva, a partir de gravações inéditas, apontaram o envolvimento direto de Jair Bolsonaro no esquema ilegal de entrega de salários de assessores na época em que ele exerceu seguidos mandatos de deputado federal (entre os anos de 1991 e 2018).

As gravações fazem parte também do podcast "UOL Investiga - A vida de secreta de Jair", que revela o que era dito no círculo íntimo e familiar do presidente.

As declarações indicam que Jair Bolsonaro participava diretamente da rachadinha: nome popular para uma prática que configura o crime de peculato (mau uso de dinheiro público).